domingo, 30 de novembro de 2008

TRAIÇÃO COMO PERDOAR



Ela perdoou a traição do marido escrita por Wilson Francisco
Recentemente, perguntei a uma mulher o que ela tinha feito, depois que descobriu que o marido tinha uma amante. Ela virou para mim e disse: Wilson, eu pedi forças para Deus, liguei para a mulher e pedi perdão para ela. Choramos no telefone, foi emocionante. Naquele momento, senti que tirava uma carga enorme de meu coração, deixei de sentir ódio.Não, ela não estava naquele momento fazendo uma declaração de amor para aquela pessoa. Ela estava sim, declarando amor à sua vida, ao seu corpo, porque ela quer, precisa, viver em paz.“Quero tirar a mágoa e a raiva que viaja pelo meu corpo, querendo se apossar dos meus dias. Por isso, perdoei. E sinto que estou curada”.Ainda outro dia, conversamos, ela me disse que está reiniciando o relacionamento com o marido: “estamos namorando, ele se penitenciou, está decidido a viver uma nova vida. Juntos, estamos iniciando uma nova jornada.Sinceramente, você acredita nisso? Não? Pois bem, essa história é verdadeira. E senti tão intensamente a alma dessa mulher, realizando essa atitude de grandeza, que resolvi elaborar um processo, para quem desejar realizá-lo. Um dia, tive a oportunidade de assistir de perto as peripécias de uma amiga. O marido está envolvido com drogas, bateu nela e ainda por cima tem uma amante, grávida dele. Estranhei, quando na delegacia ela não recebeu o apoio que eu entendo deveria ter. Afinal, se protege tanto um assassino, quando sai da delegacia é amparado, é escondido aqui e ali, tem direito a estar em liberdade enquanto transita o recolhimento de provas para sua condenação, que já está comprovada, é levado para um lugar e outro de carro e até de helicóptero. Enquanto isso, uma mulher ameaçada, fica à mercê da insanidade do marido. Os pais de crianças violentadas, por sua vez, ficam aprisionados pela dor e pelo medo. Que leis são essas?Nada tenho a ver com as leis, apenas sou um facilitador universal, procurando sempre caminhos para que as pessoas possam viver com mais prazer e saúde. Então, vamos pensar juntos sobre a situação acima, da traição. Uma pessoa é injusta com você, faz acusações sem fundamento, etc e tal. Ela vai embora. Você fica com todos os resultados daquela atitude hostil. Se você ficar com raiva ou tristeza, entrará na sintonia baixa daquela pessoa e então a sua energia, contaminada, viajará por seu corpo, como uma bactéria nociva, que insiste em afetar você. Daí, para uma doença ou para um estado depressivo, um passo. Então, que solução podemos ter para isso? Ora, se você gosta realmente de você, a primeira coisa a fazer será exorcizar aqueles monstros e sombras que a ação da tal pessoa deixou em seu pensamento e coração. Caso contrário, carregará todos os incômodos daquela ação mórbida. É assim que se dá: você recebe uma ação mental ruim, permite que essa energia altere se estado de espírito. Seu corpo, por sua vez, prepara-se para combater esse elemento estranho, nocivo, logo se dá um combate, as bactérias mentais nocivas são então encapsuladas, envolvidas e guardadas. Se você não conseguir expulsá-la de si, então se formará um nódulo, que poderá se transformar num tumor ou num bloqueio que impedirá você de viver com saúde e paz.Por esse motivo, eu entendo que a atitude da mulher, perdoando a amante de seu marido, é uma ação que protegerá ela do Mal. Então, por uma questão de amor próprio, o melhor a fazer pode ser você perdoar e seguir em frente. Agora, se você não se sente pronta para perdoar, então, tenha coragem e determinação para se desligar dessa criatura.Você nunca está sozinha, pode contar sempre com o apoio do Universo, sempre os anjos estarão atentos aos seus apelos e prontamente protegerão você. Há muitas maneiras de se pedir proteção, mas o importante é você acreditar que Deus conhece você e sabe de suas possibilidades. Veja por exemplo o caso dessa internauta: ela estava com dificuldades com o filho, que dormia mal, chorava e tinha medo. Observe como aconteceu o auxilio para ela.Diz ela: “Ontem me aconteceu um fato muito diferente. Estava na condução e de repente eu fui ficando toda arrepiada e gelada. Não tive medo, só apurei minha atenção para perceber melhor, para entender. O meu globo ocular doeu tanto que era impossível manter os olhos abertos. Fechei os olhos e fui transportada para uma floresta onde acontecia um ritual de limpeza. Esse ritual era coordenado por um índio/caboclo que se chamava “Folha Dourada”. Uma voz dizia alto em minha mente: ESTOU A SERVIÇO DA LUZ. Nesse ritual diversos seres enegrecidos eram tratados e levados em caravanas para o mundo espiritual. Esse índio trabalhava energicamente. Eu assistia tudo com muita paz e atenção. E na minha mente ecoava as palavras: ESTOU PRONTO. ESTOU A SERVIÇO DA LUZ. ESTOU A SERVIÇO DO CRIADOR. Sintonizada nessa vibração mentalizei minha casa e via seres escuros sendo retirados de lá em grande quantidade. Eram doentes disformes. A minha mente se abriu e eu fiquei com uma sensação diferente, uma segurança interna, parecia que não era eu. Fiquei grande, ampla, lúcida, não tenho palavras exatas para descrever”.Extraordinária essa experiência. Mostra-nos, com clareza, um processo espiritual de grande qualidade, onde o Espírito, Folha Dourada, coordenou uma limpeza energética na casa da internauta, beneficiando seu lar e seu filhinho.Eu insisto sempre nessa tese: é preciso acreditar em Deus, ele opera transformações e realiza eventos muito importantes para nos dar paz e saúde.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

NÃO CULPE OS OUTROS

Não lance aos outros a sua culpa! A culpa por furtar de si mesmo os seus maiores tesouros.Não lance aos outrosA sua única e exclusiva culpa!A culpa por furtar de si mesmoOs maiores e mais preciosos tesourosQue pode conquistar em sua jornada.Assuma a si mesmoComo o único culpado...Por furtar de si mesmoOs bons momentos de sua vida,Que se extingue pouco a pouco,No tão curto prazoEm que você habita este tão grandioso vale de aprendizado.Entenda que é você mesmoO único responsável...Por furtar de si mesmoOs momentos de amor, De carinho e afeto pelos que o amam de verdade E se agradam de sua presença!Assuma a responsabilidadePor furtar de si mesmoOs bons momentos que lhe são oferecidos...E por privar-se de toda companhia dos que ama,Enquanto se ocupando de puro egoísmo.Entenda-se como o único culpado,Ou ainda, o único responsável,Pelo que você chamaDe falta de amor em sua vida...Pela solidãoQue o assombra e que o ilude, Pelo seu caminhar solitário.Entenda: você, e somente você,É o responsável...Por escolher o caminho mais fácil,Mas que leva às mais ilusórias conquistas, E que gera os seus tormentos E o seu aprisionamento,Enquanto você pensa buscar a liberdade.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

PSICANÁLISE



Psicanálise
Segundo o Dicionário de Psicologia Prática, parte da psicologia que, apoiando-se nos métodos de investigação e análise psicológica. procura descobrir no inconsciente do paciente as tendências, desejos, complexos e tudo aquilo que perturba a sua mente, trazendo à tona da consciência esses elementos perturbadores e revelando consequentemente o mal para que se possa aplicar a psicoterapia.A Psicanálise compreende tanto a teoria freudiana dos fenômenos psíquicos, como a técnica para estudar o inconsciente. O ponto de partida de Freud para o estabelecimento de sua teoria foi essencialmente clínico. Em sono hipnótico, uma paciente de Breuer e Freud revelou vários episódios de sua vida, sentindo-se depois aliviada. Surgiu assim o método catártico, fundamental na terapêutica psicanalítica. Dai Freud concluiu que os sintomas histéricos, (sua paciente era uma histérica) são símbolos comemorativos de certos sucessos traumáticos da vida pregressa do paciente, os quais podem deixar de perturbar a mente do indivíduo, quando trazidos a luz da consciência.Partindo dessas e de outras experiências, Freud construiu todo um sistema, onde desempenha papel fundamental o conhecimento das diversas fases psíquicas do desenvolvimento do indivíduo. Desde cedo Freud deu grande importância aos fatos eróticos na formação da personalidade. Atribuiu todavia um sentimento bastante lato à noção de libido e da própria sexualidade que, na concepção psicanalítica, não se restringe ao âmbito da região genital, mas abrange toda uma série de fenômenos relacionados com a obtenção do prazer corporal. Segundo a Psicanálise, a criança passa nos primeiros meses de vida por uma fase de sexualidade difusa por todo o corpo, e que somente mais tarde se concentrará nas zonas erógenas.Nos primeiros anos de vida a atenção da criança, sua tendência sexual, é atraída por um dos pais: o menino pela mãe e a menina pelo pai. Todavia, sob a ação repressora do meio ambiente, a libido infantil entra num período de latência e a criança aprende a recalcar seus desejos e a escondê-los. Com o desenvolvimento, o indivíduo se abre para os colegas do sexo oposto e supera as fases anteriores, mas podem permanecer resquícios, em maior ou menor proporção, dessas dificuldades sexuais infantis, determinando certas formas de conflitos psíquicos ou de anormalidade na conduta sexual.A Psicanálise atribui ainda grande importância aos fenômenos do inconsciente. Muitos dos atos de nossa vida, não apenas os instintivos, mas também os aparentemente reflexivos, realizam-se sem que deles tenhamos consciência. Se os impulsos e tendências do inconsciente são contrários à orientação da consciência, eles não se realizam abertamente porque a censura os recalca. Mas as tendências reprimidas não são eliminadas; continuam agitando 0 inconsciente e provocando conflitos psíquicos.A Psicanálise tem por função exteriorizar essas tendências recalcadas. Mas como o estudo do psiquismo não se baseia em dados concretos e claramente demonstráveis, a psicanálise procura resolver problemas que ainda há pouco nem sequer eram formulados e cuja existência é ainda, muitas vezes, contestadas. Como os neuróticos são formados geralmente pela corresponsabilidade do indivíduo e da sociedade, esta procura constantemente rejeitar as descobertas da Psicanálise que, direta ou indiretamente, condena certos comportamentos coercivos de nossa estrutura social.Não resta porém a menor dúvida que, enquanto a Psicanálise descobre as origens dos males psíquicos, ela revela os caminhos a serem seguidos para que o mal, seja evitado ou remediado. Graças à divulgação dada por Jung e Adler, às descobertas de Freud e Breuer, o ritmo proporcional de aparecimento de neuróticos em nossa sociedade tem sido contido. Além disso resta a esperança de que à medida em que essa "doutrina" de análise psíquica for sendo vista com mais naturalidade e menos desconfiança por parte dos responsáveis pela formação dos indivíduos, a sociedade dos homens tornar-se-á mais livre e, consequentemente, mais feliz.O freudismo permanece ainda na concepção dominante em Psicanálise, mas já passou o tempo em que eclipsava todos os outros que se ocupavam do problema. Embora após Freud, os psicanalistas tenham seguido rumos muitas vezes diferentes, a doutrina psicanalítica depende hoje de outros grandes psicólogos e psiquiatras como Erich Fromm, Lipot Szondi, Adler e Jung, principalmente.Cem esses sucessores de Freud, a Psicanálise lançou novas luzes sobre o inconsciente e pôs mais em relevo o papel deste, no conjunto da vida psíquica. É preciso porém reconhecer que se a psicologia foi enriquecida e consideravelmente renovada pela psicanálise, esta contribuiu para a perda acadêmica daquela. Tratando com neuróticos e indivíduos mais ou menos anormais, o psicanalista é levado a ver desequilíbrio em toda parte e, supondo-o, provoca-o.Em todo caso, o domínio do inconsciente desvendado primeiramente por Freud, tornou-se hoje o campo de estudo de outros grandes nomes de nosso século.

ALCOOLISMO



Alcoolismo
A utilização de bebida alcoólica regular deve ser vista com muito cuidado. O seu uso esporádico ou moderado não significa grande problema de saúde. O seu uso exagerado caracteriza o alcoolismo, uma grave doença que basicamente atinge o sistema nervoso, o sistema gastrintestinal, fígado e pâncreas, e o sistema cardiocirculatório. A principal característica do alcoolismo é a dependência, ocorrendo na terceira idade de maneira significativa.

Na dependência, a súbita retirada da bebida pode gerar graves distúrbios, caracterizados pelo quadro de "delírium tremens" (Síndrome de Abstinência). A Síndrome de Abstinência se caracteriza por estado de delírio com agitação, confusão, e alucinações. Além da dependência o alcoolismo pode se manifestar através de sua intoxicação e de suas complicações.

No idoso o álcool tende a atingir maiores concentrações no sangue mesmo com doses pequenas. Suas manifestações caracterizam dificuldade no andar, confusão e negligência consigo mesmo. Acentua a falta de memória. Pode haver mudança de humor, com excitação seguida de depressão e agressividade, podendo se confundir com demência. Facilita as quedas e ferimentos, e com freqüência há distúrbios como diarréia e incontinência urinária.

O alcoolismo na terceira idade fica agravado devido ao fato de ser ignorado por médicos e serviços de saúde pública que estão mais preocupados com o alcoolismo entre jovens. A intoxicação por álcool ocorre em geral em grandes alcoólatras. No alcoolismo crônico ocorrem repetidos episódios de intoxicação alcoólica.

O alcoolismo leva a pessoa ao isolamento social e a graves distúrbios familiares. As principais características do alcoólatra são a ingestão muito rápida da bebida, o hábito de beber só e cada vez maiores quantidades, a perda de apetite, e irritabilidade nos momentos em que não bebe.

São inúmeras as conseqüências medicas do alcoolismo. A demência e as neuropatias são suas principais manifestações neurológicas. Há o desenvolvimento de doença cardíaca (insuficiência, arritmias), doenças gastro-intestinais e hepáticas. Ocorre uma tendência a aumentar gorduras no sangue, exacerba crises de gota, e aumenta a susceptibilidade a infeções. Leva à impotência sexual.

Inúmeras deficiências vitamínicas são conseqüentes ao alcoolismo (ácido fólico, tiamina, etc). O câncer de boca, de faringe e de esôfago estão relacionados ao alcoolismo. Acentua os efeitos sedativos dos tranqüilizantes, de analgésicos e também de antialérgicos.

Talvez a principal conseqüência do alcoolismo para o idoso seja o acidente devido ao comportamento indevido, às quedas e principalmente aos acidentes de trânsito. O problema das quedas tem relevância na terceira idade . O alcoolismo é muito freqüente entre aqueles que praticam o suicídio e nas situações de intoxicações por drogas.

O alcoolismo com todas suas conseqüências e complicações é freqüente causa de morte na terceira idade, situando-se entre doenças cardíacas, derrames cerebrais e câncer. Na base do alcoolismo está o componente hereditário que predispõe à doença. Mas o peso de distúrbios psicológicos é sem duvida fundamental para o desenvolvimento da doença. São as frustrações, os medos, as ansiedades que levam ao uso do álcool como tranqüilizante.

Na terceira idade o medo da morte, a solidão, a ansiedade gerada pela sensação de dependência, a tristeza pelas perdas, a falta de adaptação à aposentadoria, as frustrações de mais variadas causas assumem grande importância sendo fatores que devem ser encarados com muito respeito e compreensão.

O tratamento não se limita à correção dos vários distúrbios orgânicos que acompanham o alcoolismo. A abordagem psicológica e a terapia ocupacional são armas eficientes no seu tratamento que deve sempre contar com a ativa participação dos familiares.

Pode ser visto mais sobre Alcoolismo na CID.10 ou DSM.IV:
Dano Cerebral Devido Uso de Álcool
Síndrome Amnésica

sexta-feira, 21 de novembro de 2008



A Genética da Fome"As pesquisas mostram que a fome e a vontade de comer estão intimamente ligadas a aspectos genéticos e a hormônios que agora começam a ser mais conhecidos. De doze substâncias presentes no corpo que interferem nesses mecanismos, três têm papel importante: a grelina, a leptina e o PYY3-36”, diz o endocrinologista Geraldo Medeiros, autor do livro O Gordo absolvido e presidente do 9º Congresso Internacional de Obesidade, realizado em São Paulo. Decifrar esses compostos para aproveitá-los no controle do peso é a meta dos estudiosos. Um dos mais investigados é a leptina, fabricada pelas células gordurosas para provocar a satisfação do apetite. Um estudo, feito pelo cientista brasileiro Júlio Licínio, da Universidade da Califórnia, mostrou a falta que a substância faz. Ele tratou com doses de leptina dois irmãos e um primo de uma família turca com problemas na fabricação da substância. Nenhum deles comia exageradamente, mas todos tinham obesidade mórbida, a mais perigosa e definida por Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 (obtém-se esse índice dividindo-se o peso pela altura ao quadrado). “Com o nível de leptina restabelecido, emagreceram em dez meses, sem dieta”, conta Licínio.A substância também faz parte de uma espécie de conspiração do corpo para engordar ex-obesos. Quem defende a teoria é o cientista americano Rudolph Leibel, da Universidade de Columbia. “A perda do tecido gorduroso, onde é fabricada a leptina, faz cair a quantidade desse hormônio e também a queima de energia”, explica Leibel. O resultado não é nada bom: como o mecanismo que dá o sinal de saciedade está com defeito, come-se além do necessário até sentir que chega. Por mecanismos como esse, está em curso mais uma mudança na compreensão da gordura. “Ela é um tecido inteligente, que produz dezenas de substâncias”, diz o endocrinologista Alfredo Halpern, presidente científico do encontro de São Paulo. Outro hormônio associado ao apetite, a grelina (fabricada no estômago para avisar o cérebro que é hora de comer) também está envolvida nas sabotagens para impedir a perda de peso. Estudos mostram que os ex-gorduchos apresentam duas a três vezes mais grelina do que as pessoas que não fizeram dieta. Isso também não é bom, porque quantidades maiores de grelina significam mais sensação de fome. Texto do site da Revista Isto É. Veja
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ANOREXIA NERVOSA


As características essenciais da Anorexia Nervosa são a recusa do paciente a manter um peso corporal na faixa normal mínima associado à um temor intenso de ganhar peso. Na realidade, trata-se de uma perturbação significativa na percepção do esquema corporal, ou seja, da auto-percepção da forma e/ou do tamanho do corpo e, assim sendo, a recusa alimentar é apenas uma conseqüência dessa distorção doentia do esquema corporal.
O termo Anorexia pode não ser de todo correto, tendo em vista que não há uma verdadeira perda do apetite mas sim, uma recusa em se alimentar. A Anorexia Nervosa é então, um transtorno alimentar caracterizado por limitação da ingestão de alimentos, devido à obsessão de magreza e o medo mórbido de ganhar peso.
Normalmente a pessoa anoréxica mantém um peso corporal abaixo de um nível normal mínimo para sua idade e altura. Quando a Anorexia Nervosa se desenvolve em numa pessoa durante a infância ou início da adolescência, pode haver fracasso em fazer os ganhos de peso esperados, embora possa haver ganho na altura.
A pessoa que pesa menos que 85% do peso considerado normal para a idade e altura costuma ser um dado valioso para se pensar em anorexia. A CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) recomenda que a pessoa tenha um Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou inferior a 17, 5 kg/m2 sugestivo de anorexia. O IMC é calculado dividindo-se o peso em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Essas medidas ou índices são apenas diretrizes sugeridas para o clínico, pois não é razoável especificar um padrão único para um peso normal mínimo aplicável a todos os pacientes de determinada idade e altura. Ao determinar um peso normal mínimo, o médico deve considerar não apenas essas diretrizes, mas sobretudo a constituição corporal e a história ponderal do paciente.
A perda de peso nas pessoas com Anorexia Nervosa é obtida, principalmente, através da redução do consumo alimentar total, embora alguns pacientes possam começar "o regime" excluindo de sua dieta aquilo que percebem como sendo alimentos altamente calóricos. De modo geral, a maioria dos pacientes termina com uma dieta muito restrita, por vezes limitada a apenas alguns poucos tipos de alimentos. Nos casos mais graves o paciente adota métodos adicionais de perda de peso, os quais incluem auto-indução de vômito, uso indevido de laxantes ou diuréticos e prática de exercícios intensos ou excessivos.
As pessoas com este transtorno têm muito medo de ganhar peso ou ficar gordos e este medo geralmente não é aliviado pela perda de peso. Na verdade, a preocupação com o ganho ponderal freqüentemente aumenta à medida que o peso real diminui.
A vivência e a importância do peso e da forma corporal, como dissemos, são distorcidas nesses pacientes. Alguns deles acham que têm um excesso de peso global, independentemente dos resultados contrários da balança. Outros percebem que estão magros, mas ainda assim se preocupam com o fato de certas partes de seu corpo, particularmente abdômen, nádegas e coxas, estarem "muito gordas".
Na Anorexia Nervosa os pacientes podem empregar uma ampla variedade de técnicas para estimar seu peso, incluindo pesagens excessivas, medições obsessivas de partes do corpo e uso persistente de um espelho para a verificação das áreas percebidas como "gordas". A auto-estima dos pacientes com Anorexia Nervosa depende obsessivamente de sua forma e peso corporais. A perda de peso é vista como uma conquista notável e como um sinal de extraordinária disciplina pessoal, ao passo que o ganho de peso é percebido como um inaceitável fracasso do autocontrole. Embora alguns pacientes com este transtorno possam reconhecer que estão magros, eles tipicamente negam as sérias implicações de seu estado de desnutrição.
As mulheres que já menstruam costumam apresentar supressão das menstruações (amenorréia) quando acometidas de Anorexia Nervosa. Isso ocorre devido aos níveis anormalmente baixos na secreção de estrógenos que, por sua vez, devem-se a uma redução da secreção de hormônio folículo-estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH) pela pituitária. Essa ocorrência indica séria disfunção fisiológica na Anorexia Nervosa. A amenorréia em geral é uma conseqüência da perda de peso mas, em uma minoria de pacientes pode precedê-la. Em jovens pré-púberes, o aparecimento de menstruações (menarca) pode ser retardada pela doença.
Normalmente o paciente é levado para tratamento por membros da família, após a ocorrência de uma acentuada perda de peso ou fracasso em fazer os ganhos de peso esperados. Quando o paciente busca auxílio por conta própria, geralmente é em razão do sofrimento subjetivo acerca das seqüelas físicas e psicológicas da inanição. Raramente um paciente com Anorexia Nervosa se queixa da perda de peso em si. Essas pessoas freqüentemente não possuem insight para o problema ou apresentam uma considerável negação quanto a este. Por isso, com freqüência se torna necessário obter informações a partir dos pais ou outras fontes externas, para determinar o grau de perda de peso e outros aspectos da doença.
Um estranho comportamento em relação à comida pode ser exibido por alguns desses pacientes. Eles costumam esconder comidas pelos armários, banheiros, dentro de roupas ou podem preparar pratos extremamente elaborados para amigos ou familiares. Ou ainda, podem procurar empregos como garçonetes, cozinheiros ou simplesmente colecionar receitas e artigos sobre comida. A preocupação crescente com alimentos corre juntamente com a diminuição no consumo. Assim, intensifica o medo de ceder ao impulso de comer e aumentam as proibições contra ela. Padrões de pensamento pré-mórbidos assumem um novo significado, um estilo de raciocínio de tudo-ou-nada leva a conclusão de que um grama de peso ganho significa uma transição de normal para gordo.
CausasNão se conhecem as causas fundamentais da Anorexia Nervosa. Há autores que evidenciam como causa a interação sociocultural mal adaptada, fatores biológicos, mecanismos psicológicos menos específicos e especial vulnerabilidade de personalidade.
Aspectos biológicos incluem as alterações hormonais que ocorrem durante a puberdade e as disfunções de neurotransmissores cerebrais, tais como a dopamina, a serotonina, a noradrenalina e dos peptídeos opióides, sabidamente ligados à regulação normal do comportamento alimentar e manutenção do peso, além dos aspectos genéticos.
Vários trabalhos apontam para uma predisposição genética no desenvolvimento da anorexia. Estudos demonstram uma taxa de concordância muito maior em gêmeos monozigóticos em comparação com gêmeos dizigóticos (56% contra 5%). Parentes de primeiro grau de pacientes com anorexia exibem um risco de aproximadamente 8 vezes maior de apresentar a doença do que a população geral.
Os modelos de sistemas familiares procuram identificar determinados padrões de funcionamento familiar alterado, por exemplo, minimização de conflitos, envolvimentos da criança em tensões familiares, pais ausentes, mães que competem com as filhas, etc. Porém, estes fatores hoje são vistos mais como mantenedores do comportamento do que como causais.
Em cerca de um terço dos pacientes com Bulimia Nervosa ocorre Abuso ou Dependência de Substâncias, particularmente envolvendo álcool e estimulantes. O uso de estimulantes freqüentemente começa na tentativa de controlar o apetite e o peso. É provável que 30 a 50% dos pacientes com Bulimia Nervosa também tenham características de personalidade que satisfaçam os critérios para um ou mais Transtornos da Personalidade (mais freqüentemente Transtorno da Personalidade Borderline).
Evidências preliminares sugerem que os pacientes com Bulimia Nervosa, Tipo Purgativo, apresentam mais sintomas depressivos e maior preocupação com a forma e o peso do que os pacientes com Bulimia Nervosa, Tipo Sem Purgação.
TiposOs seguintes subtipos podem ser usados para a especificação da presença ou ausência de compulsões periódicas ou purgações regulares durante o episódio atual de Anorexia Nervosa.
Tipo Restritivo.Neste tipo a perda de peso é conseguida principalmente através de dietas, jejuns ou exercícios excessivos. Durante o episódio atual, esses pacientes não se desenvolveram compulsões periódicas ou purgações.
Tipo Compulsão Periódica/Purgativo. É quando o paciente se envolve regularmente em compulsões de comer seguidas de purgações durante o episódio atual de anorexia. A maioria dos pacientes com Anorexia Nervosa que comem compulsivamente também fazem purgações mediante vômitos auto-induzidos ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas. Alguns pacientes incluídos neste subtipo não comem de forma compulsiva, mas fazem purgações regularmente mesmo após o consumo de pequenas quantidades de alimentos. Aparentemente, a maior parte dos pacientes com o Tipo Compulsão Periódica/Purgativo dedica-se a esses comportamentos pelo menos 1 vez por semana.
Comparados os dois grupos, os pacientes com Anorexia Nervosa, Tipo Restritivo, são menos graves e têm melhor prognóstico que aqueles com o Tipo Compulsão Periódica/Purgativo. Esses últimos estão mais propensos a ter outros problemas de controle dos impulsos, a abusarem de álcool ou outras drogas, a exibirem maior instabilidade do humor e a serem sexualmente ativos..
Transtornos AssociadosQuando seriamente abaixo do peso, muitos pacientes com Anorexia Nervosa manifestam sintomas depressivos, tais como humor deprimido, retraimento social, irritabilidade, insônia e interesse diminuído por sexo. Esses pacientes podem ter quadro clínico e sintomático que satisfaz os critérios para Transtorno Depressivo Maior. Muitos dos aspectos depressivos podem ser secundários às seqüelas fisiológicas e clínicas da desnutrição. Os sintomas de perturbação do humor devem, portanto, ser reavaliados após uma recuperação completa ou parcial do peso.
Características Obsessivo-Compulsivas, tanto relacionadas quanto não relacionadas com comida, com freqüência são proeminentes. A maioria dos pacientes com Anorexia Nervosa preocupa-se excessivamente com alimentos, como dissemos acima.
Observações de comportamentos associados com outras formas de restrição alimentar sugerem que as obsessões e compulsões relacionadas a alimentos podem ser causadas ou exacerbadas pela desnutrição. Quando os pacientes com Anorexia Nervosa apresentam obsessões e compulsões não relacionadas a alimentos, forma corporal ou peso, pode haver um diagnóstico conjunto e concomitante de Transtorno Obsessivo-Compulsivo.
Outras características ocasionalmente associadas com a Anorexia Nervosa incluem preocupações acerca de comer em público, sentimento de inutilidade, uma forte necessidade de controlar o próprio ambiente, pensamento inflexível, espontaneidade social limitada e iniciativa e expressão emocional demasiadamente refreadas.
Embora alguns pacientes com Anorexia Nervosa não apresentem anormalidades laboratoriais, a característica de semi-inanição deste transtorno pode afetar sistemas orgânicos importantes e produzir uma variedade de distúrbios. A indução de vômitos e o abuso de laxantes, diuréticos e enemas, por exemplo, podem causar diversos distúrbios. A desidratação pode ser refletida por um elevado nível de uréia sangüínea, a hipercolesterolemia é comum e os testes de função hepática podem estar alterados.
Níveis alterados de várias substâncias fundamentais ao equilíbrio interno podem acontecer, como por exemplo, hipomagnesemia, hipozinquemia, hipofosfatemia e hiperamilasemia. A indução de vômitos pode provocar alcalose metabólica, elevado o bicarbonato sérico, hipocloremia e hipocalemia, e o abuso de laxantes pode causar acidose metabólica.
Os níveis de hormônio tiroideano (tiroxina sérica ou T4) podem estar diminuídos, assim como pode haver aumento da cortisona plasmática (hiperadrenocorticismo) e a resposta anormal a uma variedade de provocações neuroendócrinas são comuns. Em mulheres, baixos níveis de estrógeno sérico estão presentes, enquanto os homens têm baixos níveis de testosterona. Existe uma regressão do eixo hipotalâmico-pituitário-gonadal em ambos os sexos, no sentido de que o padrão de secreção de hormônio luteinizante (LH) em 24 horas assemelha-se àquele normalmente visto em pacientes pré-púberes ou na puberdade.
O eletrocardiograma das pessoas com Anorexia Nervosa pode estar também alterado. São observadas diminuição do ritmo cardíaco (bradicardia sinusal) e, algumas vezes, outras arritmias. O eletroencefalograma pode mostrar anormalidades difusas, refletindo uma encefalopatia metabólìca, conseqüente aos distúrbios hidroeletrolíticos. Os exames de imagem cerebral (tomografia) com freqüência podem mostrar um aumento na razão ventricular-cerebral.
O exame físico desses pacientes pode mostrar amenorréia (supressão de menstruações), queixas de intestino preso (constipação), dor abdominal, intolerância ao frio e letargia. Também pode haver queda significativa na pressão arterial (hipotensão), hipotermia e pele seca. Alguns pacientes ficam com os pelos do tronco mais finos desenvolvem (lanugo). A maioria dos pacientes com Anorexia Nervosa apresenta pulso lento (bradicardia).
A Anorexia Nervosa pode levar à morte em conseqüência das alterações orgânicas e metabólicas secundárias à desnutrição e desequilíbrio eletrolítico. Isso exige uma constante avaliação clínica e laboratorial. Sua evolução é variável, podendo ir de um episódio único com recuperação ponderal e psicológica completa, o que é mais raro, até evoluções crônicas com inúmeras internações e recaídas sucessivas.
O índice de mortalidade em função direta da doença é estimado entre 6 e 10%. A grande maioria dos pacientes mantém alterações psicológicas ao longo de toda a vida, tais como dificuldades de adaptação conjugal, papel materno mal elaborado, adaptação profissional ruim e desenvolvimento de outros quadros psiquiátricos, notadamente a depressão.
Características da Cultura, da Idade e do SexoA Anorexia Nervosa parece ter uma prevalência bem maior em sociedades industrializadas, nas quais existe abundância de alimentos e onde, especialmente no tocante às mulheres, ser atraente está ligado à magreza. O transtorno é provavelmente mais comum nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e África do Sul, mas poucos trabalhos examinaram a prevalência em outras culturas. Os pacientes que emigraram de culturas nas quais o transtorno é raro para culturas nas quais o transtorno é mais prevalente podem desenvolver Anorexia Nervosa, à medida que assimilam os ideais de elegância ligados à magreza.
Fatores culturais também podem influenciar as manifestações do transtorno. Por exemplo, em algumas culturas, a percepção distorcida do corpo pode não ser proeminente, podendo a motivação expressada para a restrição alimentar ter um conteúdo diferente, como desconforto epigástrico ou antipatia por certos alimentos.
A Anorexia Nervosa raramente inicia antes da puberdade, mas existem indícios de que a gravidade das perturbações mentais associadas pode ser maior nos pacientes pré-púberes que desenvolvem a doença. Entretanto, também há dados que sugerem que quando a doença se inicia durante os primeiros anos da adolescência (entre 13 e 18 anos de idade), ela pode estar associada com um melhor prognóstico. Mais de 90% dos casos de Anorexia Nervosa ocorrem em mulheres.
EpidemiologiaA taxa de prevalência de pacientes com anorexia é de 1% e, destes, cerca de 90% dos casos são em mulheres. A doença acomete mais freqüentemente classes sociais mais elevadas. A anorexia surge em 45% dos casos após dieta de emagrecimento; em 40% por ocasião de uma situação competitiva. Algumas profissões ligam esbelteza com realizações, e populações especiais (notavelmente bailarinas e modelos) demonstraram ter um risco incomumente alto para o desenvolvimento de transtornos alimentares. A incidência de Anorexia Nervosa tem aumentado nas últimas décadas.
CursoA idade média para o início da Anorexia Nervosa é de 17 anos, com alguns dados sugerindo picos aos 14 e aos 18 anos. O início do transtorno raramente ocorre em mulheres com mais de 40 anos. O aparecimento da doença freqüentemente está associado com um acontecimento vital estressante, como sair de casa para cursar a universidade, casamento, rompimento conjugal, etc.
O curso e evolução da Anorexia Nervosa são altamente variáveis. Alguns pacientes se recuperam completamente após um episódio isolado, alguns exibem um padrão flutuante de ganho de peso seguido de recaída e outros vivenciam um curso crônico e deteriorante ao longo de muitos anos. A hospitalização pode ser necessária para a restauração do peso e para a correção de desequilíbrios hidroeletrolíticos. Dos pacientes baixados em hospitais universitários, a mortalidade a longo prazo por Anorexia Nervosa é em torno de 10%. A morte ocorre, com maior freqüência, por inanição, suicídio ou desequilíbrio eletrolítico.
Existe um risco aumentado de Anorexia Nervosa entre os parentes biológicos em primeiro grau de pacientes com o transtorno. Um risco maior de Transtornos do Humor, principalmente depressão, também foi constatado entre os parentes biológicos em primeiro grau de pacientes com Anorexia Nervosa.Meninas com nove anos já fazem dieta Uma investigação conduzida no Reino Unido revela que, aos nove anos, são já muitas as crianças que se preocupam com o seu aspecto físico. Os cientistas da Universidade de Leeds chegaram à conclusão que uma e cada cinco meninas com nove anos de idade fazem dieta porque, na escola, os colegas troçam do seu aspecto físico.
O investigador principal do estudo, Andrew Hill, alerta para o risco que estas crianças correm de vir a desenvolver desordens alimentares durante a adolescência. Isto porque a forma encontrada pelas meninas para reduzir o peso passa, muitas vezes, por saltar refeições, evitar determinados tipos de comida e/ou comer menos durante o dia. Através do estudo, percebeu-se que existe um grupo etário específico que está a desenvolver uma preocupação exagerada em torno da imagem (Fonte: Cidade Médica Virtual).
No recreio, as crianças mais gordas são alvo de troça dos colegas mas são vários os fatores contribuem para esta preocupação: a pressão do órgãos de comunicação social, dos pares e da própria família. Todos estes vetores, em conjunto, levam as crianças a acreditar que, realmente, «é esteticamente agradável ser magro». Os investigadores também perceberam que as meninas que são alvo de troça por parte dos seus colegas apresentam uma personalidade mais frágil e baixa auto-estima, mesmo quando não são, de fato, gordas.
A psicóloga Denise Bellotto de Moraes, da disciplina de nutrição e metabolismo da Unifesp foi responsável por pesquisa que avaliou o comportamento de 316 adolescentes de dez a 19 anos de uma escola particular de SP.
No levantamento, verificou-se que metade das 178 meninas estava insatisfeita com seus corpos, contra 30% dos meninos. Das garotas, 30% faziam dieta sem precisar. Para nutricionistas, fisiologistas e pediatras o resultado dessa obsessão com as dietas é preocupante e pode comprometer o desenvolvimento, podendo, inclusive ser o início de distúrbios alimentares graves, como a bulimia e a anorexia.
O primeiro passo para uma alimentação saudável na adolescência é entender e aceitar as mudanças do corpo. Por exemplo; é normal que as meninas ganhem alguns quilos por volta dos dez anos, pois elas precisam de depósitos de gordura ( em média elas têm de ter de 18% a 20%) para a produção dos hormônios da puberdade e para se preparar para o fenômeno do "estirão", quando crescem rapidamente.
Critérios Diagnósticos Anorexia Nervosa
A. Recusa a manter o peso corporal em um nível igual ou acima do mínimo normal adequado à idade e à altura (por ex., perda de peso levando à manutenção do peso corporal abaixo de 85% do esperado; ou fracasso em ter o ganho de peso esperado durante o período de crescimento, levando a um peso corporal menor que 85% do esperado).B. Medo intenso de ganhar peso ou se tornar gordo mesmo com o peso abaixo do normal.C. Perturbação no modo de vivenciar o peso ou a forma do corpo, influência indevida do peso ou da forma do corpo sobre a auto-avaliação, ou negação do baixo peso corporal atual.D. Nas mulheres pós-menarca, amenorréia, isto é, ausência de pelo menos três ciclos menstruais consecutivos. (Considera-se que uma mulher tem amenorréia se seus períodos ocorrem apenas após a administração de hormônio, por ex., estrógeno.)Especificar tipo:Tipo Restritivo: durante o episódio atual de Anorexia Nervosa, o paciente não se envolveu regularmente em um comportamento de comer compulsivamente ou de purgação (isto é, auto-indução de vômitos ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas).Tipo Compulsão Periódica/Purgativo: durante o episódio atual de Anorexia Nervosa, o paciente envolveu-se regularmente em um comportamento de comer compulsivamente ou de purgação (isto é, auto-indução de vômito ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas).
TratamentoUma das primeiras dificuldades é a que diz respeito à aderir o paciente ao tratamento, pois, como imos, a negação da doença é muitas vezes parte integrante do quadro. As pacientes com anorexia nervosa em geral desconfiam dos médicos, os quais elas percebem como inimigos e interessados apenas em realimentá-las, em fazê-las perder a vontade de controlar seus pesos. Portanto, o médico deve encorajar hábitos alimentares normais e ganhos de peso sem que isto se torne o único foco do tratamento.
Dependendo das condições clínicas da paciente, é necessário, muitas vezes em função de uma caquexia, proceder a internação da paciente para restabelecimento de sua saúde em ambiente hospitalar. A família deve ser orientada sobre a gravidade do problema, sobre falsas expectativas e de que a cura não será fácil.
Se o tratamento é em regime de hospitalização procede-se à correçào hidroeletrolítica, dieta hipercalórica mesmo contra a vontade da paciente, correção de possíveis alterações metabólicas e início do tratamento psiquiátrico.
Psicologicamente deve-se abordar o caso cognitivamente e/ou comportamentalmente, encorajando a adoção de atitudes mais sadias por parte da paciente, que é recompensada com elogios e diminuição de situações aversivas como restrição de sua mobilidade. A psicoterapia individual é indicada visando a modificação do comportamento, das crenças e dos esquemas falhos de pensamento.
A psicofarmacoterapia é indispensável e, normalmente, se faz às custas de antidepressivos, notadamente com tricíclicos que tenham como efeito colateral também o estímulo do apetite e o ganho do peso, como é o caso da maprotilina, amitriptilina ou clomipramina. Havendo necessidade de sedação (quase sempre há), recomenda-se que seja feita com neurolépticos e, preferentemente, com aqueles que também aumentam o apetite, como é o caso da levomepromazina.
Mesmo após a melhora é bom ter em mente que as recaídas são freqüentes. No caso da internação, a taxa de recidiva imediata é superior a 25%. Portanto o acompanhamento destas pacientes deve-se fazer por anos.
para referir:Ballone GJ, Moura EC - Anorexia Nervosa, in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2008

terça-feira, 18 de novembro de 2008

LIÇÕES DO MEDO



Lições do medo:: Adília Belotti
Imagino que todos os tempos são tempos de violência. O sofrimento que causamos uns aos outros não é novo, nem nasceu nas telas de TV. O que talvez seja novo é, como ensinam os especialistas, a escala. O que talvez seja novo é a visibilidade planetária que ganham os atos de violência que os humanos (poucos, temos que acreditar nisso e as estatísticas ainda devem estar a favor dos seres pacíficos!) andam cometendo por aí.Será que é possível se proteger da violência? Talvez. Segundo Gavin de Becker, que, de especialista virou uma celebridade, desde que Oprah Winfrey disse que “esse é o maior entendido do mundo em comportamento violento”, a única coisa que pode evitar que sejamos vítimas da violência é… nosso medo!No livro The Gift of Fear, Gavin de Becker explora várias situações de violência, tentando demonstrar como, naqueles momentos, as pessoas envolvidas tinham sido assaltadas por inúmeras indicações do perigo iminente - arrepios, intuições, impulsos “irracionais” - e, nos piores casos, não tinham reagido a esses sinais. Nos melhores casos, essas pessoas forneceram indícios preciosos para o estudioso do comportamento formatar suas teses sobre o “presente do medo”.“Ouvir um pequeno sinal de advertência pode salvar a sua vida”, afirma o especialista, “assim como não seguir outros acaba nos colocando em situações de risco”. Nada a ver com paranóia. Apenas pesquisa aplicada na vida diária. Veja só os sinais que ele relaciona:- Pensamentos persistentes;- Variações de humor;- Ansiedade sem explicação;- Curiosidade;- Sensações estranhas “na boca do estômago”;- Dúvidas;- Hesitações;- Apreensões;- Suspeitas;- Palpites.Todas essas reações cheias de informação são enviadas para nós pelo nosso maior aliado, o medo.Mas como distinguir essas reações na hora “H”? Aprender a reconhecer esses sinais é um tremendo exercício de autoconhecimento. Nada fácil, ao contrário, mas simplesmente começar a pensar nisso já é alguma coisa.Todos nós já trombamos alguma vez com alguém que nos faz sentir “esquisitos”… talvez até tenhamos prestado atenção, mas grandes são as chances de termos sacudido os ombros num “que bobagem!”. Demos sorte, provavelmente.Todos nós também já desconfiamos, sem motivo, de alguém. E nos arrependemos depois. “Puro preconceito”, dizemos. Provavelmente.E ninguém quer viver em estado de vigilância eterna contra nossos semelhantes. Então, o medo pode ser educado, ensina De Becker, reconhecer e exercitar “a intuição confiável é exatamente o oposto de viver com medo”.E talvez a gente tenha mesmo desaprendido a ouvir esses sinais protetores. A moça Eloá, por exemplo, poderia ter usado esses recursos para evitar um envolvimento maior com o rapaz que a matou.O medo puro, dos animais, não é aquela coisa ansiosa que inventamos para nós mesmos. Nada tem a ver com fantasias e pavores imaginários. O medo é coisa de bicho. De sobrevivência. Aprender a não ter medo do medo é a primeira regra. Até porque “quando temos medo, não está acontecendo”. O medo é sempre medo de algo que pode acontecer. Se um ladrão entrar na sua casa, você não vai ter medo de que um ladrão entre na sua casa, esse medo você já teve. Agora, seu medo é do que ele vai fazer em seguida, entende? Ou seja, o medo sempre antecipa alguma situação de perigo. Cabe a cada um checar as origens deste medo, examiná-lo de todos os ângulos possíveis, ouvir as intuições agregadas a ele e depois tomar uma decisão: evitar, fugir ou atacar. O medo nos dá tempo para pensar e agir.Não ter medo do próprio medo pode parecer uma idéia polêmica mas, se a gente parar para pensar, não faz sentido? Afinal, nem sempre a gente pode confiar nos versos da música “o acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído”

domingo, 9 de novembro de 2008

O TODO NÃO FOI CURADO? O PROBLEMA RETORNARÁ?

Escrita por Conceição Trucom
Muitas pessoas me escrevem perguntando sobre uma receita ou alimento para curar alguma doença. Relatam: estou com pressão alta, com problema de pele, de próstata, de coração, insônia, e por aí vai.E as pessoas seguem nesta ilusão de que a solução está na cura de sintomas, de partes. A busca pela cura pontual é uma perda de tempo, um engano, uma expectativa falsa.A meta verdadeira é focar em um estado de saúde plena e não simplesmente neutralizar um sintoma. A cura está no TODO, não existe curar um órgão, um sistema. Quando curamos pontualmente e o todo não foi curado, o problema retornará, às vezes agravado.Arnold Ereth escreveu no seu livro Saúde pela Alimentação: a enfermidade é uma reação de todo o corpo para eliminar escórias, mucos e toxinas. E todo este lixo não só acidifica como mantém o organismo ácido, uma prisão com ação plural contra a saúde:- as toxinas, mucos e venenos são escudos para que a nutrição e vitalidade alcancem as células. Ou seja, a pessoa intoxicada pode se encher de “coisas boas”, mas que não conseguem acessar com eficiência e constância o local doente;- a condição ácida desvitaliza as células, órgãos e sistemas. Os que estão em pior condição pedem ajuda aos demais como num efeito dominó. A manutenção desta condição metabólica por largo tempo vai deprimindo todo o sistema de defesa. O corpo como um TODO entra em crise.Este é o motivo pelo qual bato sempre na mesma tecla: para sair deste círculo vicioso somente a prática da Desintoxicação DIÁRIA, pois ela é a garantia da reconstrução, do resgate do estado natural da saúde plena. Diário porque são anos de intoxicação e maus hábitos, camadas e camadas de escudos. Quantos sucos por dia? No mínimo 1 em jejum, aumentando o número de tomar proporcionalmente ao tamanho da doença. Por quanto tempo? Por toda a vida, se possível.A Alimentação Desintoxicante pode ser compreendida como um banho interno diário, que funciona como um tripé que resgata e sustenta a nova vida: desintoxicação, alcalinização e vitalização.Você quer curar uma doença? Então este é o começo, meio e fim: desintoxicar-se!E seguem perguntando: mas me indicaram a acupuntura, o floral, a folha de graviola, o chá verde, a massagem shiatsu, a meditação, a natação, o RPG, o escambau do periquito. O que você acha?Eu não acho, eu tenho certeza: tudo isso só vai surtir efeito pleno e rápido num organismo DESINTOXICADO, ALCALINO E REVITALIZADO. Corpo, coração, mente e espírito.Fora isso: perda de tempo, dinheiro e energia. E o mais impressionante: a Alimentação Desintoxicante você pode e deve praticar em casa, se alimentando saudavelmente, gastando e consumindo menos alimentos vazios, caros, industrializados, embalados com toneladas de lixo planetário. Numa mesma cajadada você estará sendo mais conectado com a natureza, com as ações ecológicas, com você, com a sua prosperidade.Use o seu discernimento e bom senso, pois já daí começa a sua saúde plena, a sua prosperidade. O que mais me estressa nesse lindo serviço de informar e esclarecer as pessoas é constatar o tamanho da ilusão e das inversões de valores que o capitalismo selvagem instalou na mente das pessoas. Tipo: mas, o limão, com sua acidez, não agride o estômago? Tudo bem, falta informação. Porém, as pessoas jamais me perguntam: mas o tanto de açúcar e farinhas que consumo/dia não agride o meu estômago, ossos, dentes, coração e pâncreas?E mais, você quer se curar? Então, pare de se acidificar. Quanto mais refinado e indigesto um alimento, quanto maior o trabalho digestivo, mais rápida e intensa a acidificação e desmineralização do organismo.Quanto mais cozido, processado ou de origem animal o alimento, mais o organismo se estressará para digeri-lo. Portanto, se a pessoa está doente, esse estresse não só dificulta a cura, como aumenta a doença.Sempre afirmo: quando não estamos doentes, temos tempo; mas quando estamos doentes não temos tempo.

SONHAR

Escrita por Saul Brandalise Jr.
Poucas pessoas conseguem dar vazão aos seus sonhos. É compreensível, porque a maioria de nós está condicionada a seguir padrões. Não fomos educados para nos permitirmos seguir nossa mente, nosso coração e nossas verdades.Repito: Fomos condicionados a seguir padrões.A palavra SONHAR É LINDA eu a “sinto” como o “SOM DO AR”. E, qual é o som do ar? O “som” que eu estou preparado para sentir, para escutar e para me deixar inebriar. É simples assim, mas, por paradoxal que possa parecer, é complicado assim.Nosso sistema de vida tem dois estágios distintos. Um, de paz, de postura tranqüila, de capacidade de sermos efetivamente lúcidos no momento que estamos vivendo.O outro é estarmos nos condicionando à mágoa, ao ódio, à ausência de perdão e à depressão.É importante afirmar que todos estes estágios foram por nós construídos. Nada é este ou aquele ser que quer. Ninguém fala por nós. Ninguém anda por nós, ninguém nos coloca nesta ou naquela festa. É nosso Livre-Arbítrio que nos posiciona. SOMOS O QUE QUEREMOS E ACREDITAMOS SER.Assim, SONHAR, sentir o som do ar é TAMBÉM nosso Livre-Arbítrio. Tão intenso quanto intensa é a vida. Tão forte quando a nossa capacidade de nos permitirmos ir com os pensamentos aonde nenhum ser humano consegue nos acompanhar.Não há como alguém interferir em nossa mente, julgar e decretar: mas isso é besteira, alguém diz... Onde está escrito que o que é bom para mim é besteira? Quem pode, de sã consciência, julgar o que me deixa efetivamente feliz?Ninguém. O SOM do meu AR só eu sei sentir. Só eu consigo SONHAR.Poucas pessoas se dão conta de que o combustível da felicidade é o sonho. Ele vem antes de minhas atitudes e da minha racionalidade. Sem ele a vida carece de fundamentos, afinal, o que faço neste planeta repleto de desigualdades? Sonho e aprendo a controlar as minhas emoções, por paradoxal que possa parecer. É assim que evoluo e é assim que construo a minha próxima encarnação.O Som do Ar pode ser cálido quando estou apaixonado e amando.O Som do Ar pode ser frio (arrepiado) quando te olho e vibro na mesma frequência.O Som do Ar pode ser compensador quando chego ao ápice dele.O Som do Ar pode ser secreto... Portanto de “cor escura, mas tão escura quanto a minha coragem de revelar“.O Som do Ar pode ser e é o MEU SOM DO AR. Afinal gosto e quero sonhar.Jamais deixe que as pessoas te roubem a capacidade de ser feliz. Sabe por que? Porque antes da felicidade chegar vem o Som do Ar.Ou você ainda é daqueles que acham que a felicidade está atrelada ao que você tem e não ao que você sente?Sinto, portanto existo, Existo, portanto sou. Sou, portanto posso vir a ter...Assim, quem vem primeiro? O SER OU O TER?Cuide-se.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O ORGASMO


O Orgasmo Obrigatório Na década de 60, as mulheres lutaram por liberdade sexual, por ter direito ao prazer e por se emanciparem da repressão da família e da sociedade. Parece que deu certo, e deu certo até demais. Hoje, tanto as mulheres quanto os homens, são quase intimados a apresentar um bom desempenho na cama e a ter uma vida sexual obrigatoriamente ativa. É a revolução sexual às avessas.Não ter vida sexual ativa, e bem ativa, passou a ser sinônimo de fracasso. Depois de dizer adeus aos preconceitos, às proibições, à repressão sexual, a sociedade parece viver numa espécie de ditadura do sexo.Um exemplo disso é a obrigatoriedade do orgasmo, principalmente no caso das mulheres. Muitas fingem que chegaram ao ápice do prazer só para não correrem o risco de perder o parceiro, de serem consideradas mutiladas sexuais. As pessoas vivem querendo ser uma espécie de atletas na cama como, se estivessem participando de uma disputa onde o mais feliz será aquele mais permissivo, libidinoso, descontraído e sexualizados.Quando a pessoa não consegue ter o desempenho esperado, tanto homens quanto mulheres, acabam se sentindo obrigatoriamente deprimidos, infelizes e frustrados. Essa baixa auto-estima se mostra mais contundente quanto mais a pessoa se queixa publicamente desses seus "defeitos".O problema talvez seja o modelo e parâmetro culturalmente estipulado para que a pessoa se sinta feliz, independentemente dos próprios princípios, gostos, crenças e valores. Quem não obedece o modelo divulgado por certas "novelas" deve se sentir frustrado, retrógrado e infeliz.Depois de muito tempo de repreensão da sexualidade, as pessoas, principalmente as mulheres, decidiram virar a mesa e o sexo com mais liberdade. O problema é que partiram do proibido diretamente para o obrigatório e o que era para ter sido uma revolução sexual, virou ditadura.Na tentativa de se adaptar a tanta modernidade, surgem os conflitos pessoais. Muitas vezes, as pessoas adotam comportamentos que vão contra o que desejam, ou seja, acabam fazendo o que devem (culturalmente) de forma emancipada daquilo que desejam de fato. Ou acabam desejando aquilo que não devem. Antigamente as mulheres eram coagidas a permanecerem virgens até o casamento mas hoje, a adolescente que ainda não perdeu a virgindade é questionada pelas amigas e até ridicularizada.Mas nem todas as pessoas cedem a essa pressão cultural externa. Para aqueles que aderem à obrigatoriedade da vida sexual ativa e cheia de orgasmos, porque de fato é isso que querem, não há problemas. Aqueles que não são, em suas intimidades, sexualmente ávidos mas têm determinadas características de personalidade que as levam a ter um comportamento excessivamente preocupado com o que se espera delas, ou excessivamente preocupado com o que vão pensar delas, a possibilidade de terem conflitos é maior.As pessoas muito preocupadas em terem desempenho sexual de acordo com os padrões vigentes, na verdade, se acostumam a atender uma cobrança não apenas externa, da cultura, mas também interna, de sua própria ansiedade em satisfazer as expectativas dos demais.Fonte: revista Veja ed. 1692- 21/03/2001

DESEJO SEXUAL


A atividade sexual pode ser dividida em 3 fases o desejo, excitação e orgasmo. Muito ao contrário do que pensam alguns, o desejo sexual do ser humano adulto e consciente não se compara à simples pulsões fisiológicas, como é o caso da fome ou da sede.
Considera-se que o desejo sexual seja um complexo vivencial formado por três componentes principais; a biologia, a psicologia e a socialização. Todos três interagindo continuamente uns com os outros.
Começamos por entender o Desejo Sexual como um fenômeno subjetivo e comportamental extremamente complexo. Contribuem para a gênese do desejo sexual as fantasias sexuais, os sonhos sexuais, a iniciação à masturbação, o início do comportamento sexual, a receptividade do companheiro(a), as sensações genitais, as respostas aos sinais eróticos no meio ambiente, entre muitos outros fatores.
Diante dos problemas sexuais que a clínica diariamente nos apresenta, é necessário procurar entender se o tal problema diz respeito ao Desejo Sexual, ao Desempenho Sexual ou à ambos. O Desejo Sexual, é o que dispõe a pessoa à atividade sexual e se compõe de 3 atitudes; a Motivação Sexual, a Aspiração Sexual e o Impulso Sexual. Do Desempenho Sexual participam a Excitação Sexual e o Orgasmo.
Talvez uma das coisas mais simples e mais importantes para se saber é o fato do Desejo Sexual variar muito de pessoa para pessoa, tendo alguns mais de uma relação sexual por dia, outros só de vez em quando. Mais importante que tentar seguir um modelo de "normal" será encontrar um(a) parceiro(a) com o mesmo perfil sexual.
Motivação e Aspiração SexualAlguns autores diferenciam Motivação da Aspiração Sexual, considerando que na Motivação participam predominantemente elementos psicológicos e na Aspiração, motivos culturais. Tratamos desses termos conjuntamente, já que ambos se referem ao relacionamento do sujeito com o(s) objeto(s), seja o objeto representado pelo outro, seja representado pela cultura.
Em nossa sociedade, parece que durante muitos séculos vingou a idéia de que a mulher não sentia (ou mulher honesta não deveria sentir) desejo sexual. Sexo era mais coisa de homem (ou de mulher pouco séria). Infelizmente, essa idéia ainda faz parte do repertório cultural sobre a sexualidade complicando a vida de muitas pessoas. Da mesma forma, a sexualidade masculina também foi deturpada, de forma que o homem tinha de estar sempre disposto, como se fosse uma máquina sexual.
Perseguindo esse modelo cultural, quando o homem não se insere no papel sexual que lhe é atribuído de macho a qualquer custo, antes de acreditar que sua performance sexual é diferenciada pessoal, sensível e exigente, "prefere" achar-se impotente. Na verdade esse homem que se acha impotente pode não estar sentindo desejo por nenhuma mulher disponível ou não sente desejo aqui-e-agora com essa determinada mulher. Mas... para "não fazer feio" recorre ao médico em busca de um desejo eternamente e incondicionalmente presente.
A mulher moderna, por sua vez, quando não se insere no papel feminino que a sociedade estabelece e define através da mídia, antes de valorizar sua individualidade e de lidar de maneira pessoal com sua sexualidade, pensa estar sofrendo frigidez, timidez, apatia sexual ou qualquer coisa doentia nesse sentido.
Nesses dois casos faltam a Motivação ou Aspiração sexuais, e não se tratam de verdadeiros quadros de impotência ou frigidez. Insistir na atividade sexual faltando a Motivação e Aspiração, tanto o homem quanto a mulher, estão sujeitos à sérias frustrações. A Motivação Sexual ou Aspiração Sexual brotam da conjunção entre as razões psicológicas e as circunstâncias culturais, respectivamente. Elas se compõem de nossa fisiologia psíquica colocada à mercê dos valores culturais que nos rodeiam e estão solidamente impressos em nossa personalidade.
A Motivação Sexual representa a vontade de comportar-se sexualmente de acordo com a escala de valores pessoais, implica na iniciativa, na receptividade ou nas duas coisas. O parceiro, a situação e as circunstâncias estimulam a Motivação Sexual, e devem ter requisitos aceitáveis, segundo a escala de valores pessoais, a qual é, de certa forma, atrelada à estética vigente, a moral e a ética do grupo ou segmento social que pertencemos, requisitos estes capazes de despertarem sentimentos afetivos importantes.
Motivação Sexual é, portanto, a disposição de se aproximar de outra pessoa com intenções sexuais, vontade de tomar iniciativa ou aceitar a iniciativa da outra. Pode haver situações onde, embora nada tenha prejudicado o Impulso Sexual biológico (libido ou tesão), não há Motivação Sexual para iniciar o comportamento sexual, com essa pessoa ou nestas circunstâncias. Na depressão, por exemplo, principalmente em seu estágio inicial, pode estar comprometida muito mais a Motivação Sexual (cultural-afetiva) que o Impulso Sexual (biológico).
Algumas idéias culturais costumam fazer parte do universo psíquico da pessoa desde tenra idade até sempre, dando-lhe a falsa impressão que são idéias exclusivamente suas. Ser receptivo sexualmente para uma pessoa fina, rica, poderosa, artista, importante, influente, etc, são qualidades desejáveis no(a) parceiro(a) sexual, sem que a pessoa saiba bem porque.
Há momentos, principalmente nas fantasias eróticas, em que a pessoa se permite ter Motivação Sexual com pessoas e em circunstâncias que, fora da fantasia, não teria se permitido. Mas, embora tenha na motivação um forte conteúdo cultural, predomina a vocação pessoal. A pessoa candidata a despertar a motivação, deve preencher nossos requisitos pessoais, em primeira instância, embora esses requisitos sejam sempre impregnados de valores culturais.
As mulheres são convidadas culturalmente, aliás por alguns setores da mídia e da moda, a viver o sexo de forma livre e desinibida, a serem verdadeiros vulcões, de "cabeça aberta", disponíveis às investidas dos rapazes através de nomes da moda, como ficar com... namorix... etc. Como a educação feminina, e quiçá sua própria biologia, nem sempre vai nesse sentido, conflitos podem ser gerados entre seus próprios valores e os valores da moda.
O medo de ser considerado(a) não inserido(a) no contexto, retrógrado(a) ou qualquer outro suborno cultural com que se pretenda desprezar à desejável honestidade de princípios, acaba por determinar a Aspiração Sexual, um falso desejo desacompanhado daquilo que é fisiologicamente determinado. A inversão cultural é tão gritante que quando se diz "Fulano(a) é certinho(a)", pasmem ... não significa nenhum mérito.
Portanto, como se vê, a Aspiração Sexual oscila ao sabor da moda, ou seja, da cultura. A Aspiração Sexual varia em temática e potência entre as pessoas, vão desde os auto-enganos que impomos a nós mesmos sobre nossas vidas sexuais, perdendo a noção entre o culturalmente recomendado e o pessoalmente possível, até as questões ditas de consciência, as quais reprimem sentimentos e comportamentos por toda a vida.
Participa da Aspiração Sexual a avaliação das circunstâncias associadas à possibilidade do comportamento sexual. Assim, sendo positiva a avaliação do(a) parceiro(a) - Motivação - havendo possibilidades de atender ao apelo das circunstâncias - Aspiração- a vontade da pessoa de ter comportamento sexual é intensificada e se completa boa parte do Desejo Sexual. O próximo passo será o Impulso Sexual.
Até agora estamos falando de fenômenos subjetivos e emocionais, seja através dos valores pessoais, seja através dos valores culturais atrelados à possibilidade de começar uma atividade sexual. No Impulso Sexual, entretanto, a questão já passa para o domínio corporal; em forma de sensações e excitações (neuro-fisiológicas).
Quando o parceiro é avaliado de forma negativa e a intimidade psicológica não é estabelecida, quando há sentimentos de mágoa, decepção e incompreensão, normalmente perde-se a Motivação Sexual, bem como a Excitação Sexual (visto mais adiante), especialmente nesta determinada circunstância e com este(a) parceiro(a) definido(a). As decepções da vida conjugal são as fortes responsáveis pela perda da Motivação Sexual, muito embora a pessoa frustrada possa continuar sentindo as manifestações de seu Impulso Sexual. Essa situação é a receita eficaz para a traição conjugal; perda da motivação, aspiração sexuais com permanência de impulsos sexuais normais.
Para que um casal continue a ter Motivação Sexual, é preciso que suas identidades sexuais não sejam conflitantes. No ser humano maduro a vontade de ter relacionamento sexual reflete sempre algum tipo de apreço pelo(a) parceiro(a) e mas o sentimento de compatibilidade sexual é fundamental. Assim, tendo em vista a importância do casal partilhar a mesma tonalidade sexual, muitas pessoas perdem a Motivação Sexual porque não se sentem à vontade com o perfil sexual do(a) parceiro(a). É por isso que alguns casais, apesar de manifestarem reciprocamente um grande apreço, um pelo outro, não estão sexualmente satisfeitos.
Em mulheres a Motivação Sexual, vinculada que é aos elementos culturais, como por exemplo a moral, a religião, a decência, lealdade, constância, segurança, etc., representa geralmente um determinante sexual maior que nos homens. Isso tendo em vista o papel ainda diferente que a mulher tem em nossa sociedade.
Além dos atributos do(a) parceiro(a) necessários para estimular a Motivação Sexual, existem os atributos psíco-culturais da própria pessoa (o Superego freudiano). Em algumas culturas o sexo ainda é considerado algo pecaminoso, algo que deve ser combatido constantemente, que deve ser repudiado... Muitas pessoas assim influenciadas, passam a reprimir seus desejos e experimentar situações fortemente conflitivas, com uma grande plêiade de conseqüências emocionais e, entre elas, a repulsa consciente ao sexo.
Impulso SexualO desejo sexual que se experimenta no corpo e que estimula a atividade sexual é o resultado da ativação das redes neurais do sistema nervoso central e será percebido pela pessoa como Impulso Sexual, popularmente definido pela palavra "tesão". Trata-se pois, de um aspecto predominantemente biológico do desejo sexual. De um modo geral o Impulso Sexual é a resposta corporal, neuro-psico-biológica da Excitação Sexual.
Esse Impulso Sexual corpóreo é fruto de algum processo neuro-endócrino, envolvendo hormônios e neurotransmissores, o qual permite à pessoa reconhecer essa pulsão e se masturbar ou, de outra forma, procurar avidamente alguém (até inespecificamente) para ter relações sexuais.
A força e freqüência das manifestações desse Impulso Sexual aumentam muito após a puberdade e, em muitos casos, surge um certo desconforto na falta de oportunidade de ter atividade sexual efetiva. Mas, é bom ressaltar sempre, esse Impulso Sexual tem força de atuação muito pessoal e ocorre diferentemente entre as pessoas.
Pessoas com grande Impulso Sexual costumam procurar mais tenazmente oportunidades de comportamento sexual e podem sentir-se mais calmos após um orgasmo. Pessoas com baixo impulso sexual podem passar com facilidade períodos de abstinência sexual sem sentir irritação. Após a maturidade sexual da juventude, bem como no adulto jovem, as manifestações do Impulso Sexual vão diminuindo gradativamente, até quase desaparecerem na velhice.
As manifestações comuns desse Impulso Sexual, tanto no homem como na mulher, se caracterizam por determinadas sensações genitais, pela sensibilidade erótica aumentada em relação à parceiros em potencial, por exacerbação das fantasias sexuais e pelo comportamento sexual mais evidente.
A Excitação SexualA fase de excitação sexual é, basicamente, o preparo do organismo para o ato sexual. O DSM.IV trata as alterações patológicas referentes à esse aspecto sob o nome de Transtorno da Excitação Sexual Feminina, sendo sua característica essencial a incapacidade de adquirir ou manter uma excitação sexual adequada, seja essa excitação refletida através da lubrificação vaginal ou através da sua turgescência, ou que essa excitação não seja eficaz até a conclusão da atividade sexual.
Tanto o corpo da mulher quanto do homem passam por modificações fisiológicas durante a excitação sexual. Na mulher a vagina se expande, relaxando-se para permitir a penetração, fica molhada para facilitar os movimentos sexuais, o clitóris se intumesce, tornando-se mais sensível ao contato físico, os grandes lábios costumam se retrair e os pequenos lábios aumentam de tamanho.
A diminuição ou falta desses fatores fisiológicos pode significar alguma dificuldade para a sexualidade. A disfunção sexual que ocorre na fase da excitação pode ser seguida de dor à relação, chamado de dispareunia. No homem a excitação proporciona a ereção do pênis, comumente seguido de secreção uretral viscosa e aceleração dos batimentos cardíacos e respiratórios.
Depois do que vimos acima, é de se supor que a excitação sexual em ambos os sexos já se encontre basicamente em andamento quando há adequada Motivação Sexual. A parte cultural da Motivação pode interferir na Excitação, como por exemplo, no caso da pessoa cultivar valores muito pudicos e moralistas e não se conseguir Excitação Sexual vendo cenas eróticas, ou se a pessoa vivencia sérios conflitos íntimos baseados em valores éticos.
Como acontece neurologicamente o Desejo Sexual O Desejo Sexual é um "apetite" ou um impulso produzido pela estimulação de um sistema neurológico específico, o qual produz sensações específicas e suficientes para levar a pessoa à busca de experiência sexual ou a mostrar-se receptiva a ela. Tudo isso depende da ativação de um centro cerebral específico, o qual, por sua vez, é constituído por dois setores distintos. Esses dois setores cerebrais são vinculados a dois importantes sistemas de neurotransmissores: um deles ativador do desejo e o outro, inibidor do mesmo.
Essa região sexual cerebral está interconectada a outros múltiplos centros neurais, fazendo com que o impulso sexual se integre à totalidade da experiência vivencial da pessoa. A "região sexual" do cérebro, se localiza fundamentalmente no hipotálamo e, como dissemos, se compõe de 2 grandes subgrupos de centros: os centros póstero-laterais, que são os centros ativadores, e os centros ventro-mediais, que são os inibidores. Estes últimos teriam a função de frear a ação dos primeiros.
Quando este sistema sexual se ativa, surge na pessoa um estado de tensão que leva à necessidade sexual. Todo esse sistema sexual é de configuração arcaica no mundo animal, existindo também em outros vertebrados, e é responsável por um tipo de comportamento que assegura sobrevivência da espécie.
Os centros hipotalâmicos da sexualidade guardam estreita relação com os centros do prazer e da dor. Assim sendo quando o centro do desejo é estimulado, também se ativa o centro do prazer, e a pessoa experimenta sensações prazerosas. De forma contrária, em situações dolorosas, quando então estaria ativado o centro da dor, haveria uma inibição do centro do desejo. Tal priorização é fundamental para que o indivíduo concentre toda sua energia para afastar-se da situação dolorosa, ao invés de distrair-se em atitudes sexuais.
Como acontece quimicamente o Desejo Sexual Nos neurônios do centro do prazer existem receptores (neuroreceptores) específicos para compostos químicos produzidos pelas células cerebrais chamados de endorfinas. Estas endorfinas têm uma composição química similar à da morfina e provocam, como a morfina, uma sensação de euforia, bem estar e alívio da dor.
Para se ter uma idéia, a ação analgésica das endorfinas é, aproximadamente, 200 vezes mais potente que a ação da própria morfina. Naturalmente, como se deduz, a liberação das endorfinas no Sistema Nervoso Central (SNC) estimula o centro do prazer e, ao mesmo tempo, inibe o centro da dor. Contrariamente, a estimulação do centro da dor inibe a produção de endorfinas.
Além do sistema de endorfinas, os hormônios também estão envolvidos na questão do desejo sexual. Nas mulheres a atração sexual e a receptividade dependem dos estrógenos mas, é a testosterona que estimula desejo sexual, tanto nos homens como nas mulheres. Este hormônio tem um papel fundamental no funcionamento dos centros sexuais. Há também uma substância liberada pelo hipotálamo, denominada "fator de liberação de LH ", (LH = hormônio luteinizante) que estimula o desejo sexual nas mulheres, mesmo na ausência de testosterona.
Além das endorfinas e dos hormônios, também estão envolvidos com o desejo sexual os neurotransmissores. Todos estes hormônios supracitados atuariam sobre substâncias cerebrais que promovem a transmissão dos estímulos nervosos, os chamados neurotransmissores. Entre eles os mais estudados são a dopamina, a qual exerce um efeito estimulante nos centros sexuais do cérebro, e a serotonina, que exerce um efeito contrário, ou seja, inibidor.
O Orgasmo Nesta fase da sexualidade a maior parte das queixas costuma ser das mulheres. Para se ter noção das dimensões da anorgasmia (falta de orgasmo) no mundo feminino, algumas pesquisas brasileiras referem entre 40 e 60% das mulheres com dificuldades ou incapacidades em obter orgasmos nas relações sexuais.
Em grande número de casos, as mulheres conseguem ter orgasmos com a masturbação mas não os conseguem com a penetração sexual. Não obstante, apesar de não sentirem o orgasmo, muitas mulheres referem sentir bastante prazer durante o ato sexual. Existem também aquelas que conseguem o orgasmos manipulando-se enquanto penetradas.
Na realidade, visto que a sexualidade feminina prioriza a Motivação Sexual ao Impulso Sexual e, sendo a Motivação de natureza mais afetiva que instintiva, o orgasmo estaria vinculado à uma certa "ambientação" com o parceiro, ou seja, seria algo adquirido com a afeição, admiração, simpatia, segurança, satisfação pessoal, etc, e não decorrência quase mecânica e automática do contacto físico como acontece no sexo masculino.
Nos homens, desde que não hajam problemas no Desejo Sexual nem na ereção, a falta de orgasmo normalmente se deve ao uso de medicamentos que aumentam muito o tempo de latência (tempo necessário para atingir o orgasmo), ao alcoolismo, ao tabagismo e diabetes.
Continuando nosso raciocínio acerca do que é sadio, do que não é normal e do que é desejável, nas questões do orgasmo continua prevalecendo a ocorrência ou não de sofrimento. Seria então normal não ter orgasmos? Bem, estatisticamente falando, pelas pesquisas que falam entre 40 e 60% de mulheres anorgasmáticas, até que não seria de se estranhar tanto a falta do orgasmo. Mas, como os valores estatísticos não são suficiente para saber se algo é ou não sadio, devemos considerar o grau de satisfação da pessoa em apreço. Muitas mulheres anorgasmáticas estão mais realizadas sexualmente que suas colegas propagadoras de orgasmos múltiplos.
De modo geral, se observa na clínica um número satisfatoriamente alto de mulheres que, apesar de terem sido sempre anorgasmáticas, desenvolveram a capacidade de sentir orgasmo em torno dos 35-38 anos de idade. Concorrem para isso uma série de fatores circunstanciais, desde a estabilidade econômica e profissional, a melhoria da satisfação no relacionamento com o parceiro, o bem estar emocional, até o encaminhamento adequado dos filhos, etc.
Aí caberia a pergunta sobre o que seria MAIS normal; não ter orgasmos e ser feliz no sexo ou ter orgasmos e padecer frustrações sexuais? Se pensarmos no termo sadio, ao invés de normal, podemos achar mais sadio o primeiro caso.
Transtornos do Desejo Sexual Freqüentemente acompanhando os Transtornos do Desejo Sexual, onde se inclui a Frigidez ou Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo, coexiste o Transtorno da Excitação Sexual Feminina e o Transtorno Orgástico Feminino. A pessoa com Transtorno da Excitação Sexual Feminina pode ter pouca ou nenhuma sensação subjetiva de excitação sexual. Pelo DSM.IV, esse transtorno pode resultar em intercurso doloroso, esquiva sexual e perturbação de relacionamentos conjugais ou sexuais.
Um estágio agravado do Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo é o Transtorno de Aversão Sexual. Pelo DSM.IV, a característica essencial do Transtorno de Aversão Sexual é a aversão e esquiva ativa do contato sexual genital com um parceiro sexual. Para esse diagnóstico a perturbação (Aversão) deve causar acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. O paciente com Transtorno de Aversão Sexual relata ansiedade, medo ou repulsa ao se defrontar com uma oportunidade sexual com um parceiro.
A aversão ao contato genital pode concentrar-se em um determinado aspecto da experiência sexual (por ex., secreções genitais, penetração vaginal). Alguns indivíduos experimentam repulsa generalizada a quaisquer estímulos sexuais, inclusive beijos e toques. A intensidade da reação do indivíduo quando exposto aos estímulos aversivos pode variar desde uma ansiedade moderada e falta de prazer, até um extremo sofrimento psicológico.
Portanto, o desejo sexual pode sofrer alterações, mais freqüentemente alterações para menos, ou seja, no sentido de uma Hipofunção Sexual. Vejamos.
Afloramento e esmaecimento do Desejo Sexual Nos homens, há um grande aumento do Desejo Sexual durante a puberdade, conseqüente ao expressivo aumento da concentração de testosterona (hormônio masculino). Alguns autores costumam dizer que, na idade adulta, de forma extremamente variável entre as diferentes pessoas, esse Desejo Sexual começa a declinar. Em nossa opinião, esse Desejo Sexual começa sim, a mudar de consistência ou de natureza.
No amadurecimento do sexo masculino o Desejo Sexual vai, progressivamente, perdendo sua natureza impulsiva e instintiva e adquirindo, também progressivamente, um caráter afetivo, ou seja, vai deixando de ser uma atividade sensitiva para tornar-se uma atividade sentimental.
Pois bem, vamos chamar essa sexualidade sentimental de sexualidade diferenciada. Dentro dessa nova natureza, o Desejo Sexual passará a ser comandado muito mais pela Motivação Sexual do que pelo Impulso Sexual e, sendo assim, as circunstâncias capazes de influir na Motivação Sexual terão uma repercussão muito maior na sexualidade. Nessa fase passa a ser muito mais importante, por exemplo, a afetividade que a pessoa nutre em relação ao seu objeto de desejo. Em épocas mais precoces, quando era o Impulso Sexual a maior motivação, era quase totalmente suficiente apenas a simples disponibilidade para o sexo.
Na mulher, por sua vez, a sexualidade sentimental e diferenciada já se manifesta desde a puberdade. É, talvez, devido à essa diferença qualitativa da sexualidade feminina que, na maioria das vezes, costuma haver aumento do Desejo Sexual com o passar dos anos, atingindo um ápice depois dos 40 anos. É por essa ocasião que o componente afetivo que une a mulher ao seu homem costuma estar mais estável e sereno, portanto, melhor ao seu Desejo Sexual sentimental. O inverso pode acontecer, quando então há, antes do decréscimo da sexualidade, uma perda afetiva em relação ao parceiro(a).
Causas do Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo Dois subtipos de Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo podem ser observados: aquele com início paulatino ao longo da vida versus aquele abruptamente adquirido. Quanto aos fatores etiológicos (causais) estes podem ser: devido a Fatores Psicológicos, devido a Fatores Orgânicos e devido a Fatores Combinados.
Com o envelhecimento há diminuição do Impulso Sexual, através do componente biológico do desejo sexual, mas também pode estar comprometido a Motivação e a Aspiração sexuais. Esta perda pode refletir um processo orgânico geral ou, muito comumente, uma perda na capacidade de sentir prazer (anedonia), sintoma habitual das depressões.
Causas Orgânicas para o Desejo Sexual Hipoativo
- Função hipotalâmica-hipofisária anormal. Isso resulta na diminuição do Fator de Liberação de LH (hormônio luteinizante), com conseqüente diminuição de seu nível sérico e simultâneo aumento de prolactina. Este último um hormônio muito relacionado ao desinteresse sexual.- Anomalias testiculares capazes de produzir uma diminuição de testosterona.- Diminuição de testosterona ovariana e/ou supra-renal na mulher.- Enfermidades sistêmicas, tais como a insuficiência renal crônica com conseqüente diminuição de gonadotrofinas, a cirrose hepática com a conseqüente atrofia testicular e transformação de androgênios em estrogênios, a Síndrome de Cushing, com a conseqüente diminuição de testosterona plasmática, a insuficiência supra-renal, o hipotiroidismo e as enfermidades debilitantes.- Medicamentos e drogas. Nessa categoria dos agravantes da hipofunção sexual está o álcool, em primeiro lugar, os tranqüilizantes, os anti-hipertensivos, tais como a metildopa (Aldomet), reserpina, clortiazidas, clonidina, espironolactona, beta bloqueadores como o propranolol; os anti-depressivos, principalmente os tricíclicos, os inibidores da MAO e o carbonato de lítio, também a cimetidina (Tagamet), sulpirida, metoclopramida (Plasil), metronidazol (Flagil), a maconha, as anfetaminas (anorexígenos usados em regimes alimentares), a cocaína e o craque.
Causas Psicopatológicas para o Desejo Sexual Hipoativo
- Transtornos de Estresse- Depressão- Transtornos de Ansiedade (incluindo Pânico, Fobias, etc.)
A relação entre Depressão e alterações sexuais é conhecida há tempos, e entre essas alterações a mais comum é a diminuição do desejo sexual. Essa relação fica clara quando se percebe haver uma melhora do quadro sexual ao se tratar a depressão. Entre os pacientes deprimidos passa de 70% aqueles que se queixam de diminuição da libido.
Causas Psicológicas para o Desejo Sexual Hipoativo
- Valorização dos aspectos negativos da sexualidade- Temor da intimidade- Temor do compromisso ou gravidez- Temor de obter um prazer "proibido e pecaminoso"- Temor de alguma represália pelo ato sexual
Causas Psicossociaiss para o Desejo Sexual Hipoativo
- Parceiro sexual insatisfatório- Atividade sexual insatisfatória- Excesso de preocupações com a vida em geral- Excesso de preocupações em proporcionar prazer a(o) companheira(a)
FONTE: psiqweb

domingo, 2 de novembro de 2008

VIVER EM ATENÇÃO



Escrita por Elisabeth Cavalcante
Manter um estado permanente de atenção sobre o que acontece em nosso interior é a única forma de fazer com que a vida não seja apenas uma repetição monótona de problemas e aborrecimentos.As escolhas que fazemos a cada instante é que definem como será nossa realidade. Muitas pessoas se queixam de situações-problemas que sempre estão ocorrendo em seu cotidiano. O que elas não conseguem perceber é que, de alguma forma, estão atraindo tais circunstâncias para suas vidas.Ao invés disto, acusam Deus, o destino ou alguém em particular, como responsáveis por suas mazelas. É difícil para elas tomar consciência de que suas dificuldades são, em sua grande maioria, conseqüência de problemas emocionais ignorados por muito tempo.O autoconhecimento, uma palavra hoje tão difundida, ainda é um mistério total para a maioria das pessoas. Elas são verdadeiras estranhas para si mesmas e vão vivendo de modo automático, sem se dar conta do quanto poderiam ganhar em felicidade e harmonia interior, se ousassem viver em sintonia com seu coração.É claro que para isto, é preciso que se esteja disposto a pagar o preço necessário por cada escolha realizada. Este é, aliás, o principal atributo da maturidade, o responsabilizar-se pelas próprias escolhas. Muito mais cômodo é seguir a instrução de alguém, para poder responsabilizá-lo se algo der errado.Muitas vezes, a observação de si mesmo não revela coisas bonitas, ao contrário, expõe fragilidades e limitações difíceis de serem encaradas. Mas somente aceitando-as com sinceridade é que podemos nos libertar de suas amarras e construir um novo caminho, a partir de escolhas mais realistas.As ilusões, fantasias e desculpas que criamos para adiar as transformações necessárias em nós são infindáveis, e podem mesmo nos levar a uma vida inteira de sofrimento, pela incapacidade de dar o primeiro passo.Mas, por mais difícil que seja dar este passo, devemos nos lembrar de que ele pode ser a diferença entre uma vida de realização e alegria ou uma existência que se arrasta tristemente até o túmulo. Cabe a nós, e somente a nós, esta decisão. "É muito difícil encontrar um mestre iluminado, pela simples razão que muito poucas pessoas pelo menos tentam sair da rotina da inconsciência. A rotina de se permanecer inconsciente é muito confortável, é aconchegante, porque ela mantém você confinado ao mundo familiar, e mantém você com a massa. É muito arriscado se afastar da massa, porque a massa nunca perdoa uma pessoa que sai de perto dela. A massa quer possuir você, completamente, de corpo e alma. A massa quer dominar você, a massa vive através da dominação. Este esforço para dominar, é o que a política significa. Política significa a massa tentando dominar o indivíduo, destruir o indivíduo. Destruir a liberdade, destruir a espontaneidade e qualquer idéia de ficar no seu próprio caminho. De qualquer idéia de viver a sua vida de acordo com a sua própria luz.A massa quer que você siga a mente coletiva. A massa já fez um longo caminho, uma super auto-estrada, você só precisa entrar na fila. E de uma certa forma é mais confortável, é aconchegante, você está do lado de pessoas... é quente. Quando você se move sozinho, para dentro da floresta profunda, densa e escura do desconhecido, é frio. E existem milhares de medos que podem vir à tona.Você não sabe como cooperar com o desconhecido. Você é eficiente em cooperar com o conhecido. O teu sistema de educação o torna capaz de cooperar com o conhecido. Sua educação é desenhada contra o desconhecido. Você vai se surpreender em saber que a sua educação é contra a inteligência. Sociedade precisa de imitadores. Ela quer que você seja bom em memorizar. Não em tornar-se inteligente. Ela quer que você se torne uma boa máquina, não uma pessoa linda.Máquinas eficientes, apenas máquinas de qualquer forma. Precisa que você funcione bem, mas ela não quer que você se torne consciente. Consciente de si. Consciente de quem você é. Então você começa a dizer 'não' para muitas coisas.. quando você souber quem você é, você não será tão obediente assim.A sociedade quer pessoas cegas, porque se você ver, você está fadado a ser afetado por seu ver, a mudar as suas formas, os seus caminhos. A sociedade quer seguidores cegos. Portanto é muito raro que uma pessoa se torne acordada; a primeira coisa para se tornar um buda, é sair da mente coletiva. Se tornar tão individual, tão integrado, que mesmo todo o mundo estando contra você, você não se importa. Você decidiu que agora você vai viver de acordo com a sua própria voz interior, com seu próprio silêncio.Esse é o primeiro passo... mas um grande passo. Um salto quântico. É mover-se para dentro do perigo, é arriscado. Você vai criar inimigos. E você vai estar indo para um mundo que ainda não foi mapeado. Um território no qual você nada sabe a respeito. Não existe nenhum mapa".Osho