sexta-feira, 24 de outubro de 2008

TENTANDO ACEITAR O LUTO


Lidando com o Luto
O luto pela morte de alguém que amamos talvez seja a mais intensa experiência de perda que pode nos acontecer. Ele permeia a trama de nossos dias, afetando nossas emoções, nossos corpos e nossos relacionamentos com as outras pessoas.
Ninguém pode ensinar como assumir o luto. O processo de cada pessoa é único. Porém existe, alguns elementos mais ou menos comuns a todos os que passam por isso. Se você estiver de luto, ou for amigo ou colega de trabalho de alguém que tenha perdido uma pessoa recentemente, alguns dos elementos descritos neste texto o ajudarão a entendê-lo.
O processo de luto
O luto é o lento processo de redefinição do nosso mundo sem a presença de alguém que amamos. Leva tempo e paciência para nos adaptarmos a esta grande perda. Não há mais fórmula a ser empregada, nem um planejamento a seguir. O luto é o processo de retomarmos muitas e muitas vezes às nossas memórias, sentimentos e imagens de nosso ente querido até que a perda se torne suportável.
Nossa resposta inicial à perda esmagadora é geralmente uma sensação de torpor. Essa reação natural amortece o golpe e nos permite encarregar-nos das responsabilidades e preocupações que envolvem a morte de um ente querido. A maioria das pessoas experimenta também algum tipo de negação, enquanto a mente e o coração tentam se conformar e se acomodar à perda. com o tempo, você perceberá que pode encarar sua perda. embora parte de você sempre vá estar enlutada, será possível assimilar a morte do seu ente querido.
O luto é uma mistura de emoções não-trabalhadas, como a tristeza, raiva, culpa, arrependimento, vazio e saudade. Algumas emoções vêm e vão em ondas poderosas, que nos arrastam. Outras parecem lançar raízes e ameaçam continuar para sempre. A perda de alguém que amamos freqüentemente trará à tona outras perdas não-resolvidas em nossas vidas. Nosso trabalho durante esse período não é explicar ou rechaçar nosso luto, mas permitir sua completa expressão.
Não existem emoções certas ou erradas. Cada emoção tem sua parte em nosso processo de resolução do luto. Tendemos a conter emoções difíceis. Isso pode ser especialmente verdadeiro para aqueles que sentem que precisam ser fortes. Essa atitude pode criar mais stress, prolongando o enlutamento. Não expressar o luto pode levar ao deslocamento da revolta e a uma aspereza injustificada com os outros.
Os sentimentos de raiva, culpa e censura vem e vão embora, como outros aspectos do luto. São uma parte normal do processo, sobretudo se não foi possível estar perto da pessoa que morreu. Se algum sentimento, imagem ou pensamento parecer destrutivo ou muito duradouro, considere a possibilidade de conversar com um psicoterapeuta ou com um religioso.
O luto também pode ser experimentado fisicamente, como dor ou peso no peito, exaustão, ansiedade, dificuldade para dormir e perda de apetite. Os períodos difíceis vão acontecer repetidas vezes, mas com intensidade cada vez menor. Cuidar de si mesmo e aceitar o apoio dos outros, vão ajudá-lo a proteger sua saúde.
A maneira como nosso ente querido morre tem um poderoso efeito sobre como nos enlutamos. Se o motivo for AIDS, podemos experimentar uma vasta gama de sentimentos. Muitas vezes a pessoa é jovem e está no meio de uma vida produtiva. Para alguns, o surgimento da doença pode ser súbito. Para outros, o processo da doença pode levar muitos meses, até mesmo anos. Algumas pessoas perderam muitos amigos pela AIDS num período curto de tempo. Isso pode fazer com que nos sintamos ainda mais vulneráveis, indefesos e cheios de raiva. Nossa dor pode estar misturada com culpa pela nossa própria sobrevivência e boa saúde.
Mortes súbitas, especialmente violentas ou acidentais, podem causar choque, ansiedade e angústia ainda maiores. Elas podem fazer com que nos sintamos indefesos e vulneráveis e até despertar sentimentos de revolta também. O suicídio de alguém próximo freqüentemente traz-nos a um sentimento de culpa ou fracasso.
Luto antecipatório
Compartilhar o processo de morte com um ser querido poupa-o do isolamento tão característico da morte em nossa sociedade.
Todos os envolvidos têm uma oportunidade para aproximarem-se, intensificando seu amor, compartilhando seus sentimentos, e neste processo de viverem a angústia conjuntamente, chegarem a um tipo de resolução antes da ocorrência da morte. O cuidado diário de uma pessoa moribunda pode ser exaustivo e estressante. Mas também pode ser uma das mais profundas experiências de amor.
Cuidando de nós
Apenas o tempo não é suficiente para reparar o luto. Pense sobre essas sugestões:
aceite o seu luto
Este é o primeiro passo na resolução da perda de um ente querido. Reserve tempo para ser compreensivo consigo mesmo e aceitar seus sentimentos.
Comunique-se aberta e honestamente
Compartilhe seu luto. Divida suas memórias e pensamentos com aqueles que podem ouvir e entender sua perda sem fazer julgamentos ou oferecer conselhos que pareçam inadequados. Converse com pessoas de sua confiança. Você não vai protegê-las calando suas emoções. Pelo contrário, as pessoas próximas podem ficar confusas e incertas sobre como devem agir, se você não falar sobre suas necessidades. Essa situação é muito comum quando há crianças envolvidas. Elas podem culpar-se pela sua infelicidade.
Cuide de si mesmo
Siga uma dieta nutritiva e faça exercícios regularmente. Isso pode aliviar uma eventual depressão e ajudá-lo a dormir melhor.
Oração, meditação e recolhimento
Este pode ser um momento para aprofundar sua compreensão da vida. Caminhar ou passar algum tempo em ambientes naturais e tranqüilos pode tornar-nos conscientes da natureza mutável de muitas coisas. Ou você pode querer visitar algum local de devoção particular, de sua preferência ou realizar um retiro.
procure auxílio
Pessoas enlutadas freqüentemente se unem ou formam grupos para amizade e auxílio mútuo. Permitir que os outros se dêem a você é às vezes um grande apoio. Dar de si aos outros é freqüentemente um passo importante na resolução do seu próprio luto.
Auxílio profissional
Um terapeuta ou um religioso pode ajudá-lo a resolver algumas das questões mais complexas que possam surgir.
Auxiliando outras pessoas
Se você é amigo ou colega de trabalho de alguém enlutado, você pode auxiliá-lo. A lembrança de algumas destas sugestões pode ser útil para se aproximar dele:
Aceite os sentimentos do seu amigo como eles são.
Ouça sem fazer julgamentos.
comunique-se aberta e honestamente quando solicitado.
Lembre-se
Apesar da profundidade de sua tristeza, você não está sozinho. Outros já passaram por isso e o ajudarão a compartilhar a sua carga se você permitir. Se você puder, não lhes negue essa oportunidade.

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