segunda-feira, 3 de novembro de 2008

DESEJO SEXUAL


A atividade sexual pode ser dividida em 3 fases o desejo, excitação e orgasmo. Muito ao contrário do que pensam alguns, o desejo sexual do ser humano adulto e consciente não se compara à simples pulsões fisiológicas, como é o caso da fome ou da sede.
Considera-se que o desejo sexual seja um complexo vivencial formado por três componentes principais; a biologia, a psicologia e a socialização. Todos três interagindo continuamente uns com os outros.
Começamos por entender o Desejo Sexual como um fenômeno subjetivo e comportamental extremamente complexo. Contribuem para a gênese do desejo sexual as fantasias sexuais, os sonhos sexuais, a iniciação à masturbação, o início do comportamento sexual, a receptividade do companheiro(a), as sensações genitais, as respostas aos sinais eróticos no meio ambiente, entre muitos outros fatores.
Diante dos problemas sexuais que a clínica diariamente nos apresenta, é necessário procurar entender se o tal problema diz respeito ao Desejo Sexual, ao Desempenho Sexual ou à ambos. O Desejo Sexual, é o que dispõe a pessoa à atividade sexual e se compõe de 3 atitudes; a Motivação Sexual, a Aspiração Sexual e o Impulso Sexual. Do Desempenho Sexual participam a Excitação Sexual e o Orgasmo.
Talvez uma das coisas mais simples e mais importantes para se saber é o fato do Desejo Sexual variar muito de pessoa para pessoa, tendo alguns mais de uma relação sexual por dia, outros só de vez em quando. Mais importante que tentar seguir um modelo de "normal" será encontrar um(a) parceiro(a) com o mesmo perfil sexual.
Motivação e Aspiração SexualAlguns autores diferenciam Motivação da Aspiração Sexual, considerando que na Motivação participam predominantemente elementos psicológicos e na Aspiração, motivos culturais. Tratamos desses termos conjuntamente, já que ambos se referem ao relacionamento do sujeito com o(s) objeto(s), seja o objeto representado pelo outro, seja representado pela cultura.
Em nossa sociedade, parece que durante muitos séculos vingou a idéia de que a mulher não sentia (ou mulher honesta não deveria sentir) desejo sexual. Sexo era mais coisa de homem (ou de mulher pouco séria). Infelizmente, essa idéia ainda faz parte do repertório cultural sobre a sexualidade complicando a vida de muitas pessoas. Da mesma forma, a sexualidade masculina também foi deturpada, de forma que o homem tinha de estar sempre disposto, como se fosse uma máquina sexual.
Perseguindo esse modelo cultural, quando o homem não se insere no papel sexual que lhe é atribuído de macho a qualquer custo, antes de acreditar que sua performance sexual é diferenciada pessoal, sensível e exigente, "prefere" achar-se impotente. Na verdade esse homem que se acha impotente pode não estar sentindo desejo por nenhuma mulher disponível ou não sente desejo aqui-e-agora com essa determinada mulher. Mas... para "não fazer feio" recorre ao médico em busca de um desejo eternamente e incondicionalmente presente.
A mulher moderna, por sua vez, quando não se insere no papel feminino que a sociedade estabelece e define através da mídia, antes de valorizar sua individualidade e de lidar de maneira pessoal com sua sexualidade, pensa estar sofrendo frigidez, timidez, apatia sexual ou qualquer coisa doentia nesse sentido.
Nesses dois casos faltam a Motivação ou Aspiração sexuais, e não se tratam de verdadeiros quadros de impotência ou frigidez. Insistir na atividade sexual faltando a Motivação e Aspiração, tanto o homem quanto a mulher, estão sujeitos à sérias frustrações. A Motivação Sexual ou Aspiração Sexual brotam da conjunção entre as razões psicológicas e as circunstâncias culturais, respectivamente. Elas se compõem de nossa fisiologia psíquica colocada à mercê dos valores culturais que nos rodeiam e estão solidamente impressos em nossa personalidade.
A Motivação Sexual representa a vontade de comportar-se sexualmente de acordo com a escala de valores pessoais, implica na iniciativa, na receptividade ou nas duas coisas. O parceiro, a situação e as circunstâncias estimulam a Motivação Sexual, e devem ter requisitos aceitáveis, segundo a escala de valores pessoais, a qual é, de certa forma, atrelada à estética vigente, a moral e a ética do grupo ou segmento social que pertencemos, requisitos estes capazes de despertarem sentimentos afetivos importantes.
Motivação Sexual é, portanto, a disposição de se aproximar de outra pessoa com intenções sexuais, vontade de tomar iniciativa ou aceitar a iniciativa da outra. Pode haver situações onde, embora nada tenha prejudicado o Impulso Sexual biológico (libido ou tesão), não há Motivação Sexual para iniciar o comportamento sexual, com essa pessoa ou nestas circunstâncias. Na depressão, por exemplo, principalmente em seu estágio inicial, pode estar comprometida muito mais a Motivação Sexual (cultural-afetiva) que o Impulso Sexual (biológico).
Algumas idéias culturais costumam fazer parte do universo psíquico da pessoa desde tenra idade até sempre, dando-lhe a falsa impressão que são idéias exclusivamente suas. Ser receptivo sexualmente para uma pessoa fina, rica, poderosa, artista, importante, influente, etc, são qualidades desejáveis no(a) parceiro(a) sexual, sem que a pessoa saiba bem porque.
Há momentos, principalmente nas fantasias eróticas, em que a pessoa se permite ter Motivação Sexual com pessoas e em circunstâncias que, fora da fantasia, não teria se permitido. Mas, embora tenha na motivação um forte conteúdo cultural, predomina a vocação pessoal. A pessoa candidata a despertar a motivação, deve preencher nossos requisitos pessoais, em primeira instância, embora esses requisitos sejam sempre impregnados de valores culturais.
As mulheres são convidadas culturalmente, aliás por alguns setores da mídia e da moda, a viver o sexo de forma livre e desinibida, a serem verdadeiros vulcões, de "cabeça aberta", disponíveis às investidas dos rapazes através de nomes da moda, como ficar com... namorix... etc. Como a educação feminina, e quiçá sua própria biologia, nem sempre vai nesse sentido, conflitos podem ser gerados entre seus próprios valores e os valores da moda.
O medo de ser considerado(a) não inserido(a) no contexto, retrógrado(a) ou qualquer outro suborno cultural com que se pretenda desprezar à desejável honestidade de princípios, acaba por determinar a Aspiração Sexual, um falso desejo desacompanhado daquilo que é fisiologicamente determinado. A inversão cultural é tão gritante que quando se diz "Fulano(a) é certinho(a)", pasmem ... não significa nenhum mérito.
Portanto, como se vê, a Aspiração Sexual oscila ao sabor da moda, ou seja, da cultura. A Aspiração Sexual varia em temática e potência entre as pessoas, vão desde os auto-enganos que impomos a nós mesmos sobre nossas vidas sexuais, perdendo a noção entre o culturalmente recomendado e o pessoalmente possível, até as questões ditas de consciência, as quais reprimem sentimentos e comportamentos por toda a vida.
Participa da Aspiração Sexual a avaliação das circunstâncias associadas à possibilidade do comportamento sexual. Assim, sendo positiva a avaliação do(a) parceiro(a) - Motivação - havendo possibilidades de atender ao apelo das circunstâncias - Aspiração- a vontade da pessoa de ter comportamento sexual é intensificada e se completa boa parte do Desejo Sexual. O próximo passo será o Impulso Sexual.
Até agora estamos falando de fenômenos subjetivos e emocionais, seja através dos valores pessoais, seja através dos valores culturais atrelados à possibilidade de começar uma atividade sexual. No Impulso Sexual, entretanto, a questão já passa para o domínio corporal; em forma de sensações e excitações (neuro-fisiológicas).
Quando o parceiro é avaliado de forma negativa e a intimidade psicológica não é estabelecida, quando há sentimentos de mágoa, decepção e incompreensão, normalmente perde-se a Motivação Sexual, bem como a Excitação Sexual (visto mais adiante), especialmente nesta determinada circunstância e com este(a) parceiro(a) definido(a). As decepções da vida conjugal são as fortes responsáveis pela perda da Motivação Sexual, muito embora a pessoa frustrada possa continuar sentindo as manifestações de seu Impulso Sexual. Essa situação é a receita eficaz para a traição conjugal; perda da motivação, aspiração sexuais com permanência de impulsos sexuais normais.
Para que um casal continue a ter Motivação Sexual, é preciso que suas identidades sexuais não sejam conflitantes. No ser humano maduro a vontade de ter relacionamento sexual reflete sempre algum tipo de apreço pelo(a) parceiro(a) e mas o sentimento de compatibilidade sexual é fundamental. Assim, tendo em vista a importância do casal partilhar a mesma tonalidade sexual, muitas pessoas perdem a Motivação Sexual porque não se sentem à vontade com o perfil sexual do(a) parceiro(a). É por isso que alguns casais, apesar de manifestarem reciprocamente um grande apreço, um pelo outro, não estão sexualmente satisfeitos.
Em mulheres a Motivação Sexual, vinculada que é aos elementos culturais, como por exemplo a moral, a religião, a decência, lealdade, constância, segurança, etc., representa geralmente um determinante sexual maior que nos homens. Isso tendo em vista o papel ainda diferente que a mulher tem em nossa sociedade.
Além dos atributos do(a) parceiro(a) necessários para estimular a Motivação Sexual, existem os atributos psíco-culturais da própria pessoa (o Superego freudiano). Em algumas culturas o sexo ainda é considerado algo pecaminoso, algo que deve ser combatido constantemente, que deve ser repudiado... Muitas pessoas assim influenciadas, passam a reprimir seus desejos e experimentar situações fortemente conflitivas, com uma grande plêiade de conseqüências emocionais e, entre elas, a repulsa consciente ao sexo.
Impulso SexualO desejo sexual que se experimenta no corpo e que estimula a atividade sexual é o resultado da ativação das redes neurais do sistema nervoso central e será percebido pela pessoa como Impulso Sexual, popularmente definido pela palavra "tesão". Trata-se pois, de um aspecto predominantemente biológico do desejo sexual. De um modo geral o Impulso Sexual é a resposta corporal, neuro-psico-biológica da Excitação Sexual.
Esse Impulso Sexual corpóreo é fruto de algum processo neuro-endócrino, envolvendo hormônios e neurotransmissores, o qual permite à pessoa reconhecer essa pulsão e se masturbar ou, de outra forma, procurar avidamente alguém (até inespecificamente) para ter relações sexuais.
A força e freqüência das manifestações desse Impulso Sexual aumentam muito após a puberdade e, em muitos casos, surge um certo desconforto na falta de oportunidade de ter atividade sexual efetiva. Mas, é bom ressaltar sempre, esse Impulso Sexual tem força de atuação muito pessoal e ocorre diferentemente entre as pessoas.
Pessoas com grande Impulso Sexual costumam procurar mais tenazmente oportunidades de comportamento sexual e podem sentir-se mais calmos após um orgasmo. Pessoas com baixo impulso sexual podem passar com facilidade períodos de abstinência sexual sem sentir irritação. Após a maturidade sexual da juventude, bem como no adulto jovem, as manifestações do Impulso Sexual vão diminuindo gradativamente, até quase desaparecerem na velhice.
As manifestações comuns desse Impulso Sexual, tanto no homem como na mulher, se caracterizam por determinadas sensações genitais, pela sensibilidade erótica aumentada em relação à parceiros em potencial, por exacerbação das fantasias sexuais e pelo comportamento sexual mais evidente.
A Excitação SexualA fase de excitação sexual é, basicamente, o preparo do organismo para o ato sexual. O DSM.IV trata as alterações patológicas referentes à esse aspecto sob o nome de Transtorno da Excitação Sexual Feminina, sendo sua característica essencial a incapacidade de adquirir ou manter uma excitação sexual adequada, seja essa excitação refletida através da lubrificação vaginal ou através da sua turgescência, ou que essa excitação não seja eficaz até a conclusão da atividade sexual.
Tanto o corpo da mulher quanto do homem passam por modificações fisiológicas durante a excitação sexual. Na mulher a vagina se expande, relaxando-se para permitir a penetração, fica molhada para facilitar os movimentos sexuais, o clitóris se intumesce, tornando-se mais sensível ao contato físico, os grandes lábios costumam se retrair e os pequenos lábios aumentam de tamanho.
A diminuição ou falta desses fatores fisiológicos pode significar alguma dificuldade para a sexualidade. A disfunção sexual que ocorre na fase da excitação pode ser seguida de dor à relação, chamado de dispareunia. No homem a excitação proporciona a ereção do pênis, comumente seguido de secreção uretral viscosa e aceleração dos batimentos cardíacos e respiratórios.
Depois do que vimos acima, é de se supor que a excitação sexual em ambos os sexos já se encontre basicamente em andamento quando há adequada Motivação Sexual. A parte cultural da Motivação pode interferir na Excitação, como por exemplo, no caso da pessoa cultivar valores muito pudicos e moralistas e não se conseguir Excitação Sexual vendo cenas eróticas, ou se a pessoa vivencia sérios conflitos íntimos baseados em valores éticos.
Como acontece neurologicamente o Desejo Sexual O Desejo Sexual é um "apetite" ou um impulso produzido pela estimulação de um sistema neurológico específico, o qual produz sensações específicas e suficientes para levar a pessoa à busca de experiência sexual ou a mostrar-se receptiva a ela. Tudo isso depende da ativação de um centro cerebral específico, o qual, por sua vez, é constituído por dois setores distintos. Esses dois setores cerebrais são vinculados a dois importantes sistemas de neurotransmissores: um deles ativador do desejo e o outro, inibidor do mesmo.
Essa região sexual cerebral está interconectada a outros múltiplos centros neurais, fazendo com que o impulso sexual se integre à totalidade da experiência vivencial da pessoa. A "região sexual" do cérebro, se localiza fundamentalmente no hipotálamo e, como dissemos, se compõe de 2 grandes subgrupos de centros: os centros póstero-laterais, que são os centros ativadores, e os centros ventro-mediais, que são os inibidores. Estes últimos teriam a função de frear a ação dos primeiros.
Quando este sistema sexual se ativa, surge na pessoa um estado de tensão que leva à necessidade sexual. Todo esse sistema sexual é de configuração arcaica no mundo animal, existindo também em outros vertebrados, e é responsável por um tipo de comportamento que assegura sobrevivência da espécie.
Os centros hipotalâmicos da sexualidade guardam estreita relação com os centros do prazer e da dor. Assim sendo quando o centro do desejo é estimulado, também se ativa o centro do prazer, e a pessoa experimenta sensações prazerosas. De forma contrária, em situações dolorosas, quando então estaria ativado o centro da dor, haveria uma inibição do centro do desejo. Tal priorização é fundamental para que o indivíduo concentre toda sua energia para afastar-se da situação dolorosa, ao invés de distrair-se em atitudes sexuais.
Como acontece quimicamente o Desejo Sexual Nos neurônios do centro do prazer existem receptores (neuroreceptores) específicos para compostos químicos produzidos pelas células cerebrais chamados de endorfinas. Estas endorfinas têm uma composição química similar à da morfina e provocam, como a morfina, uma sensação de euforia, bem estar e alívio da dor.
Para se ter uma idéia, a ação analgésica das endorfinas é, aproximadamente, 200 vezes mais potente que a ação da própria morfina. Naturalmente, como se deduz, a liberação das endorfinas no Sistema Nervoso Central (SNC) estimula o centro do prazer e, ao mesmo tempo, inibe o centro da dor. Contrariamente, a estimulação do centro da dor inibe a produção de endorfinas.
Além do sistema de endorfinas, os hormônios também estão envolvidos na questão do desejo sexual. Nas mulheres a atração sexual e a receptividade dependem dos estrógenos mas, é a testosterona que estimula desejo sexual, tanto nos homens como nas mulheres. Este hormônio tem um papel fundamental no funcionamento dos centros sexuais. Há também uma substância liberada pelo hipotálamo, denominada "fator de liberação de LH ", (LH = hormônio luteinizante) que estimula o desejo sexual nas mulheres, mesmo na ausência de testosterona.
Além das endorfinas e dos hormônios, também estão envolvidos com o desejo sexual os neurotransmissores. Todos estes hormônios supracitados atuariam sobre substâncias cerebrais que promovem a transmissão dos estímulos nervosos, os chamados neurotransmissores. Entre eles os mais estudados são a dopamina, a qual exerce um efeito estimulante nos centros sexuais do cérebro, e a serotonina, que exerce um efeito contrário, ou seja, inibidor.
O Orgasmo Nesta fase da sexualidade a maior parte das queixas costuma ser das mulheres. Para se ter noção das dimensões da anorgasmia (falta de orgasmo) no mundo feminino, algumas pesquisas brasileiras referem entre 40 e 60% das mulheres com dificuldades ou incapacidades em obter orgasmos nas relações sexuais.
Em grande número de casos, as mulheres conseguem ter orgasmos com a masturbação mas não os conseguem com a penetração sexual. Não obstante, apesar de não sentirem o orgasmo, muitas mulheres referem sentir bastante prazer durante o ato sexual. Existem também aquelas que conseguem o orgasmos manipulando-se enquanto penetradas.
Na realidade, visto que a sexualidade feminina prioriza a Motivação Sexual ao Impulso Sexual e, sendo a Motivação de natureza mais afetiva que instintiva, o orgasmo estaria vinculado à uma certa "ambientação" com o parceiro, ou seja, seria algo adquirido com a afeição, admiração, simpatia, segurança, satisfação pessoal, etc, e não decorrência quase mecânica e automática do contacto físico como acontece no sexo masculino.
Nos homens, desde que não hajam problemas no Desejo Sexual nem na ereção, a falta de orgasmo normalmente se deve ao uso de medicamentos que aumentam muito o tempo de latência (tempo necessário para atingir o orgasmo), ao alcoolismo, ao tabagismo e diabetes.
Continuando nosso raciocínio acerca do que é sadio, do que não é normal e do que é desejável, nas questões do orgasmo continua prevalecendo a ocorrência ou não de sofrimento. Seria então normal não ter orgasmos? Bem, estatisticamente falando, pelas pesquisas que falam entre 40 e 60% de mulheres anorgasmáticas, até que não seria de se estranhar tanto a falta do orgasmo. Mas, como os valores estatísticos não são suficiente para saber se algo é ou não sadio, devemos considerar o grau de satisfação da pessoa em apreço. Muitas mulheres anorgasmáticas estão mais realizadas sexualmente que suas colegas propagadoras de orgasmos múltiplos.
De modo geral, se observa na clínica um número satisfatoriamente alto de mulheres que, apesar de terem sido sempre anorgasmáticas, desenvolveram a capacidade de sentir orgasmo em torno dos 35-38 anos de idade. Concorrem para isso uma série de fatores circunstanciais, desde a estabilidade econômica e profissional, a melhoria da satisfação no relacionamento com o parceiro, o bem estar emocional, até o encaminhamento adequado dos filhos, etc.
Aí caberia a pergunta sobre o que seria MAIS normal; não ter orgasmos e ser feliz no sexo ou ter orgasmos e padecer frustrações sexuais? Se pensarmos no termo sadio, ao invés de normal, podemos achar mais sadio o primeiro caso.
Transtornos do Desejo Sexual Freqüentemente acompanhando os Transtornos do Desejo Sexual, onde se inclui a Frigidez ou Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo, coexiste o Transtorno da Excitação Sexual Feminina e o Transtorno Orgástico Feminino. A pessoa com Transtorno da Excitação Sexual Feminina pode ter pouca ou nenhuma sensação subjetiva de excitação sexual. Pelo DSM.IV, esse transtorno pode resultar em intercurso doloroso, esquiva sexual e perturbação de relacionamentos conjugais ou sexuais.
Um estágio agravado do Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo é o Transtorno de Aversão Sexual. Pelo DSM.IV, a característica essencial do Transtorno de Aversão Sexual é a aversão e esquiva ativa do contato sexual genital com um parceiro sexual. Para esse diagnóstico a perturbação (Aversão) deve causar acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. O paciente com Transtorno de Aversão Sexual relata ansiedade, medo ou repulsa ao se defrontar com uma oportunidade sexual com um parceiro.
A aversão ao contato genital pode concentrar-se em um determinado aspecto da experiência sexual (por ex., secreções genitais, penetração vaginal). Alguns indivíduos experimentam repulsa generalizada a quaisquer estímulos sexuais, inclusive beijos e toques. A intensidade da reação do indivíduo quando exposto aos estímulos aversivos pode variar desde uma ansiedade moderada e falta de prazer, até um extremo sofrimento psicológico.
Portanto, o desejo sexual pode sofrer alterações, mais freqüentemente alterações para menos, ou seja, no sentido de uma Hipofunção Sexual. Vejamos.
Afloramento e esmaecimento do Desejo Sexual Nos homens, há um grande aumento do Desejo Sexual durante a puberdade, conseqüente ao expressivo aumento da concentração de testosterona (hormônio masculino). Alguns autores costumam dizer que, na idade adulta, de forma extremamente variável entre as diferentes pessoas, esse Desejo Sexual começa a declinar. Em nossa opinião, esse Desejo Sexual começa sim, a mudar de consistência ou de natureza.
No amadurecimento do sexo masculino o Desejo Sexual vai, progressivamente, perdendo sua natureza impulsiva e instintiva e adquirindo, também progressivamente, um caráter afetivo, ou seja, vai deixando de ser uma atividade sensitiva para tornar-se uma atividade sentimental.
Pois bem, vamos chamar essa sexualidade sentimental de sexualidade diferenciada. Dentro dessa nova natureza, o Desejo Sexual passará a ser comandado muito mais pela Motivação Sexual do que pelo Impulso Sexual e, sendo assim, as circunstâncias capazes de influir na Motivação Sexual terão uma repercussão muito maior na sexualidade. Nessa fase passa a ser muito mais importante, por exemplo, a afetividade que a pessoa nutre em relação ao seu objeto de desejo. Em épocas mais precoces, quando era o Impulso Sexual a maior motivação, era quase totalmente suficiente apenas a simples disponibilidade para o sexo.
Na mulher, por sua vez, a sexualidade sentimental e diferenciada já se manifesta desde a puberdade. É, talvez, devido à essa diferença qualitativa da sexualidade feminina que, na maioria das vezes, costuma haver aumento do Desejo Sexual com o passar dos anos, atingindo um ápice depois dos 40 anos. É por essa ocasião que o componente afetivo que une a mulher ao seu homem costuma estar mais estável e sereno, portanto, melhor ao seu Desejo Sexual sentimental. O inverso pode acontecer, quando então há, antes do decréscimo da sexualidade, uma perda afetiva em relação ao parceiro(a).
Causas do Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo Dois subtipos de Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo podem ser observados: aquele com início paulatino ao longo da vida versus aquele abruptamente adquirido. Quanto aos fatores etiológicos (causais) estes podem ser: devido a Fatores Psicológicos, devido a Fatores Orgânicos e devido a Fatores Combinados.
Com o envelhecimento há diminuição do Impulso Sexual, através do componente biológico do desejo sexual, mas também pode estar comprometido a Motivação e a Aspiração sexuais. Esta perda pode refletir um processo orgânico geral ou, muito comumente, uma perda na capacidade de sentir prazer (anedonia), sintoma habitual das depressões.
Causas Orgânicas para o Desejo Sexual Hipoativo
- Função hipotalâmica-hipofisária anormal. Isso resulta na diminuição do Fator de Liberação de LH (hormônio luteinizante), com conseqüente diminuição de seu nível sérico e simultâneo aumento de prolactina. Este último um hormônio muito relacionado ao desinteresse sexual.- Anomalias testiculares capazes de produzir uma diminuição de testosterona.- Diminuição de testosterona ovariana e/ou supra-renal na mulher.- Enfermidades sistêmicas, tais como a insuficiência renal crônica com conseqüente diminuição de gonadotrofinas, a cirrose hepática com a conseqüente atrofia testicular e transformação de androgênios em estrogênios, a Síndrome de Cushing, com a conseqüente diminuição de testosterona plasmática, a insuficiência supra-renal, o hipotiroidismo e as enfermidades debilitantes.- Medicamentos e drogas. Nessa categoria dos agravantes da hipofunção sexual está o álcool, em primeiro lugar, os tranqüilizantes, os anti-hipertensivos, tais como a metildopa (Aldomet), reserpina, clortiazidas, clonidina, espironolactona, beta bloqueadores como o propranolol; os anti-depressivos, principalmente os tricíclicos, os inibidores da MAO e o carbonato de lítio, também a cimetidina (Tagamet), sulpirida, metoclopramida (Plasil), metronidazol (Flagil), a maconha, as anfetaminas (anorexígenos usados em regimes alimentares), a cocaína e o craque.
Causas Psicopatológicas para o Desejo Sexual Hipoativo
- Transtornos de Estresse- Depressão- Transtornos de Ansiedade (incluindo Pânico, Fobias, etc.)
A relação entre Depressão e alterações sexuais é conhecida há tempos, e entre essas alterações a mais comum é a diminuição do desejo sexual. Essa relação fica clara quando se percebe haver uma melhora do quadro sexual ao se tratar a depressão. Entre os pacientes deprimidos passa de 70% aqueles que se queixam de diminuição da libido.
Causas Psicológicas para o Desejo Sexual Hipoativo
- Valorização dos aspectos negativos da sexualidade- Temor da intimidade- Temor do compromisso ou gravidez- Temor de obter um prazer "proibido e pecaminoso"- Temor de alguma represália pelo ato sexual
Causas Psicossociaiss para o Desejo Sexual Hipoativo
- Parceiro sexual insatisfatório- Atividade sexual insatisfatória- Excesso de preocupações com a vida em geral- Excesso de preocupações em proporcionar prazer a(o) companheira(a)
FONTE: psiqweb

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